Linha SNS24

  • No dia em que faz sete meses desde que foram registados os primeiros casos confirmados de Covid-19 em Portugal, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, começou a conferência por realçar "uma das peças que foi e continua a ser essencial nos cuidados de saúde prestados aos cidadãos, o SNS24". Segundo o governante, o número de chamadas atendidas cresceu 82% em 2020 — em comparação com 39% em 2018 e 24% em 2019 — sendo que "a aposta não é de agora nem apenas da pandemia" mas que se deu como resposta à mesma.
  • Tal, porém, só foi conseguido, defendeu, com reforço da capacidade de resposta, tendo Serras Lopes anunciado que já existe "um novo call center ativo, em fase experimental mas mesmo quase a entrar online, na Covilhã", e será inaugurado outro em breve em Vila Nova de Gaia. Para além disso, o secretário de Estado da Saúde anunciou também o "reforço dos centros já existentes", aumentando o número de profissionais a trabalhar na linha SNS24 dos 1350 para os 2000 "ainda durante o outono".
  • De acordo com o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Luís Góis Pinheiro, até ao início da pandemia, o mês com o maior número de chamadas atendidas na linha SNS 24 tinha sido de janeiro de 2019, "com pouco mais de 200 mil atendidas". Com a pandemia, neste ano "esse número foi ultrapassado em vários meses, tendo sido ultrapassada em dois meses a barreira das 300 mil chamadas“. Essa ultrapassagem deu-se em março, início da pandemia em Portugal "e onde o SNS 24 teve uma especial pressão", sendo que atendeu "o maior número de chamadas de sempre, ultrapassando as 380 mil chamadas".
  • No entanto, se essa pressão existiu em março, voltou a faz-se sentir em setembro, com mais de 300 mil chamadas atendidas. “Na segunda-feira passada tivemos o recorde de triagens feitas por enfermeiros, com mais de 10200”, disse Luís Góis Pinheiro. E a subida, explicou, também foi súbita: "A última semana de agosto teve uma procura de 43 mil chamadas, enquanto que a última semana de setembro dobrou, tendo chegado a ultrapassar as 86 mil chamadas atendidas".
  • As comparações com o mês de março, porém, cessam no que toca aos tempos médios de espera. De acordo com o presidente dos SPMS, estes dispararam nesse mês, mas desde então têm estado estáveis, sendo agora de 52 segundos. Para tal deve-se uma "maior flexibilidade na reação aos picos de procura "devido a um conjunto de medidas tomadas em março e abril.

Surtos:

  • Instada a revelar quantos surtos está ativos em Portugal, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que há 334 registados, sendo 125 na região Norte, 35 na região Centro, 142 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 20 na região do Alentejo e 22 na região do Algarve, o que "reflete um número bastante inferior em comparação ao de outros períodos". "Felizmente tem havido uma redução”, apontou.
  • Quanto a surtos em específico, Graça Freitas referiu-se aos casos de:
    • Bragança, onde um lar tem 43 residentes e sete profissionais contaminados com Covid-19, mas afetando apenas um de três edifícios, sendo que o surto "está a ser gerido";
    • Montalegre, onde um surto com um início recente resultou em quatro profissionais infetados no lar, tendo "muito menos expressão” que o acima mencionado;
    • Alenquer, onde um surto num café resultou em 11 casos, não havendo internamentos nem óbitos.
  • A Diretora-Geral da Saúde revelou ainda que, tal como tem vindo a ser patente nos boletins diários, o número de casos  afeta mais o sexo feminino - óbitos é semelhante entre dois sexos, porém — e os "adultos jovens estão a ser o grupo mais afetado nesta fase da pandemia”, ou seja, entre os 20 e os 59 anos. Os dados mais recentes demonstram que 16% dos infectados são entre os 20 e os 29 anos, 17% entre os 30 e os 39, 15% entre os 40 e os 49 e 13% entre os 50 e os 59.

 Outros temas:

  • Questionado quanto à taxa de ocupação dos hospitais, Diogo Serras Lopes diz que esta se encontra "entre os 70% e 80%" o que "quer dizer que há folga relativamente a Covid relativamente a qualquer situação que aconteça de repente”. Pressionado a revelar dados de hospitais específicos, como o Beatriz Ângelo, em Loures, e o Amadora-Sintra, o secretário de Estado da Saúde anuiu que "é sabido" que estes "têm registado procuras superiores a outras unidades hospitalares", sendo que também são “são mais pequenos que outros hospitais de Lisboa”. O governante, optou por destacar que o Serviço Nacional de Saúde funciona em rede e que é mais importante a sua capacidade global e regional do que quanto a casos em particular.
  • No que toca aos dados mais recentes relativos à Stayaway Covid, Luís Góis Pinheiro disse que já foram feitos um milhão e 260 mil downloads, sendo que já foram inseridos 107 códigos na aplicação por parte de pessoas com teste positivo.
  • As razões para haver tão poucas sinalizações, refere o presidente dos SPMS, devem-se ao pressuposto que uma pessoa "tenha a aplicação instalada, seja diagnosticada com Covid-19, que o seu médico dê esse código e que depois insira o código na aplicação, o que permitirá avisar as pessoas com quem esteve contactos de risco nos últimos dias". “Desde o início que sabemos que esta aplicação assenta no princípio da liberdade", disse Luís Góis Pinheiro, adiantando, todavia, que, o universo de pessoas com Covid-19 não é assim tão grande em comparação ao número de pessoas com a aplicação.
  • O responsável anunciou ainda que já 106 pessoas ligaram para a linha SNS24 depois de terem recebido uma notificação através da aplicação, por terem sido considerados contactos de alto risco. Os critérios para ser contacto de alto risco são "um contacto em permanência superior a 15 minutos a menos de dois metros de distância de uma pessoa infetada e que inseriu o código na app", explicou Luís Goes Pinheiro.
  • Diogo Serras Lopes afirmou que o SNS dispõe neste momento de 1855 ventiladores, face aos 1142 existentes no início da pandemia, tendo o aumento sido resultante das compras realizadas ao longo da pandemia e também de doações e equipamentos recuperados. 966 dos ventiladores encomendados já foram entregues, sendo que 713 já se encontram nas unidades hospitalares. Os ventiladores que faltam "estão a ser testados e em vias de ser distribuídos aos hospitais", sendo que o Governo, segundo o secretário de Estado da Saúde, não prevê aumento de capacidade.
  • Quanto aos hospitais de retaguarda , o governante disse que estão previstos no plano outono/inverno de combate à pandemia e que "têm a ver com possível necessidade de expansão". Serras Lopes sublinhou, todavia, que não foram muito utilizados ao longo da pandemia a não ser em contextos muito específicos como a que se deu em Ovar. Também Graça Freitas se debruçou sobre este ponto, dizendo não haver "um número previsto destes hospitais" que são "a última linha, o último recurso" e "se forem ativados, serão nas grandes zonas metropolitanas ou em algumas zona necessitada devido a um grande pico", dizendo que isso só acontecerá "em caso de extrema necessidade".