“Estamos a fazer uma medicina de catástrofe e as pessoas estão mentalizadas para isso, que têm de continuar a trabalhar. É como os bombeiros que estão a combater um incêndio, não se pode acreditar que eles deixem de fazer o rescaldo do incêndio”, sublinhou Eduardo Melo.
Aos jornalistas, o diretor clínico do CHTV disse que “os profissionais têm um espírito de missão e sabem que estão num momento muito difícil” e, neste sentido, reforçou que “não vão baixar braços e que vão tentar manter o funcionamento do hospital, como todos os outros hospitais do Sistema Nacional de Saúde (SNS), com certeza”.
“Temos feito a gestão ao minuto, com muita imaginação, e pedindo sempre às pessoas para fazerem um pouco mais, ultrapassando os seus limites. (…) As pessoas são resilientes e esta maratona não começou esta semana e, naturalmente, as pessoas estão mais cansadas nos últimos quilómetros. Estamos num momento muito difícil, como todos os hospitais do país”, referiu.
Eduardo Melo adiantou que, atualmente, o CHTV está com um “número de internados elevadíssimo, 276, 23 deles em cuidados intensivos e os restantes em enfermaria” e, ao longo desta semana, “tem sido um número relativamente estável”.
“Conseguimos criar mais duas camas de cuidados intensivos e temos, neste momento, uma vaga”, adiantou o diretor clínico, informando que entram “cerca de cerca de 20 a 30 doentes por dia no hospital” para internamento.
O responsável explicou que os profissionais têm “conseguido dar altas e deslocar alguns doentes para outras áreas e isso tem permitido alguma estabilidade no internamento”.
O CHTV tem até ao dia de hoje “cerca de 130 profissionais infetados, em casa, impedidos de trabalhar e mais cerca de 30 em quarentena” o que tem obrigado a direção clínica a fazer substituições de profissionais e contratações.
“Há muitas áreas do hospital que estão interrompidas de atividade, nomeadamente a cirúrgica, e deslocamos profissionais que estão com menos atividade para outras [áreas] e temos conseguido recrutar profissionais, nomeadamente enfermeiros e assistentes operacionais, que têm conseguido substituir os profissionais em falta”, referiu.
A unidade no Fontelo tem sido, no seu entender, “uma válvula de escape para o hospital, felizmente” e, neste momento, estão 18 doentes na parte clínica e estão sete na parte social e, “para já, não é necessário ativar o pavilhão multiusos”, também em Viseu.
“Felizmente, não temos filas de ambulâncias, para já, porque temos conseguido drenar os doentes que têm necessidade de serem internados. Tem sido um fluxo constante na urgência, mas ainda não tivemos um ponto de rutura”, sem que “as pessoas não tivessem sido atendidas”, afirmou.
O diretor clínico reconheceu que “os tempos de espera são superiores ao desejado”, mas reforçou que têm “conseguido atender todos os doentes” que se têm dirigido ao serviço de urgência e, em média, por dia são “entre 70 a 100 por [doença] respiratória e, no total, cerca de 300” doentes.
“São mais os doentes não covid que os covid, simplesmente os doentes covid pela sua especificidade são geradores de maior trabalho e de maior pressão no serviço de urgência e por estarem numa área muito confinada”, contou.
Também a nível do oxigénio, o diretor clínico disse que “não houve nenhum caso de rutura, como aconteceu noutros hospitais, sendo certo que se está a fazer um nível de consumo que nunca tinha sido feito”.
Em relação aos óbitos, Eduardo Melo disse que o CHTV teve “um número recorde” e, na última semana, foram registados “45 óbitos por covid, para além dos óbitos que ocorrem por outras causas, portanto, também aí tem sido um constrangimento”.
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