“Não estamos a fazer campanhas de angariação de nada”, afirmou a presidente do conselho de administração do CHUA à agência Lusa, ao ser confrontada com um pedido de doação de diversos bens e equipamentos feito nas redes sociais por trabalhadores da unidade, que falavam numa “escassez” de materiais nas enfermarias com doentes de covid-19.
A presidente do conselho de administração do CHUA, Ana Castro, assegurou à Lusa que o pedido foi feito por uma médica internista "sem conhecimento da administração” e classificou como “burla” todas as atuações que “pedem coisas em nome do hospital" sem conhecimento da instituição e da administração.
“Os doentes triplicaram, mas os materiais não. Se alguém tiver possibilidade de doar às enfermarias covid estetoscópios (os que temos são escassos e de muita fraca qualidade e não podemos usar os nossos em doentes covid), oxímetros, termómetros digitais, produtos de higiene (pasta de dentes, champô, gel de duche, creme), almofadas, água engarrafada, nós, profissionais e doentes, agradecemos”, pode ler-se num apelo deixado por uma profissional nas redes sociais.
Mas a presidente do conselho de administração do CHUA disse que “não falta estetoscópio nenhum” e garantiu que “aquilo que tem faltado de equipamento e de situações para assegurar o normal funcionamento” da unidade de saúde “tem-se vindo a adquirir”.
“É assim, não se pode querer é que falte uma coisa hoje e ela aparece amanhã. Isto não funciona assim, porque são instituições públicas e carecem de alguns procedimentos. Agora, não falta material nenhum, as pessoas estão a ser tratadas e não faltam estetoscópios nenhuns. Se calhar não têm um estetoscópio por doente, isso não têm, até porque os estetoscópios não são equipamentos que o hospital habitualmente forneça”, exemplificou.
A mesma fonte considerou ainda que este é um tipo de equipamento que “cada um tem um seu”, porque os estetoscópios “são coisas de uso individual” e é pouco higiénico partilhá-los.
“Eu vi esse apelo, foi feito por uma médica interna, a qual já retirou até o apelo do Facebook. E dissemos-lhe que, primeiro de tudo, não é uma situação normal termos pessoas a pedir coisas em nome do hospital sem a gente pedir nem sequer dar autorização”, censurou Ana Castro.
A mesma fonte adiantou que o CHUA tem estado a tratar deste tipo de questões e, “sem fazer nenhum apelo” e depois de ter obtido a sua colaboração no Natal, a cadeia de supermercados Auchan ofereceu-se para ajudar o centro hospitalar algarvio a equipar as novas unidades que entretanto abriu, para ampliar a capacidade de resposta face ao aumento do número de casos de doentes com covid-19 na região do Algarve.
“O Auchan contactou o CHUA mal abrimos o hospital de campanha a dizer que estava disponível para oferecer algumas coisas que seriam necessárias, como produtos de higiene, almofadas, pijamas”, acrescentou Ana Castro.
A mesma fonte assegurou ainda que “as coisas têm estado a ser tratadas pelo conselho de administração” e deu o exemplo de outra cadeia de supermercados, como o “Pingo Doce, que a partir de hoje voltou a oferecer lanches e ceias para os profissionais” que trabalham no CHUA.
“Temos uma pessoa que é responsável por centralizar essas ofertas. Água engarrafada para os doentes? Não temos águas engarrafadas? Era o que faltava”, ironizou a presidente do conselho de administração do CHUA.
Comentários