“Aqui o que queremos é pôr as ferramentas para ajudar o país. Acho que estamos todos na mesma batalha e o que pedimos é só urgência nesta disponibilização”, afirmou hoje Carlos Oliveira, conselheiro do European Innovation Council.
Em declarações à Lusa, Carlos Oliveira, também antigo secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, afirmou que existem “milhares de investigadores” no país disponíveis para ajudar no “combate” ao Covid-19, mas que tal só será possível se tiverem “acesso à matéria prima”: microdados pseudo-anonimizados.
“Isto é uma urgência porque efetivamente estes cientistas podem ajudar muito o país com base nos dados, normalmente, não se têm esta noção, mas os dados podem ser reveladores de muita informação”, salientou.
O apelo, endereçado ao Governo, conta com nove signatários académicos, entre eles o presidente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Altamiro da Costa Pereira e o vice-presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho, Pedro Morgado.
Carlos Oliveira adiantou que os dados poderão ser bastante úteis, nomeadamente, para o estudo das curvas de evolução do surto, mas também para eventualmente detetar cadeias de projeção de forma “mais eficiente”.
“Há uma enormidade de investigação que pode ser feita no imediato e também a médio e longo prazo, que pode ajudar a compreender melhor a informação e ajudar a ter políticas de combate ou mitigação desta crise”, referiu.
À Lusa, o antigo secretário de Estado garantiu ainda que os contactos estabelecidos com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que está particularmente “motivado”, mostram “abertura” por parte do Governo na disponibilização destes dados.
“O apelo é ao Governo porque é quem tem de tomar a decisão, até mais de indicar aos organismos que dispõe de informação que a disponibilizem, a abertura é total a vários níveis do Governo portanto, está muito orientado nesta questão, aquilo que se alerta é que se acelere essa disponibilização”, sustentou Carlos Oliveira.
E garantiu, “há muitas frentes de combate que estão a acontecer no mundo físico, mas com estes dados, será seguramente possível extrairmos muitas conclusões”.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim divulgado pela DGS assinala 4.030 casos suspeitos até hoje, dos quais 323 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
De acordo com o boletim, há 6.852 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Atualmente, há 19 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais uma do que no domingo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para quarta-feira, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
O Governo também anunciou o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.
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