Perante as noticias da escassez de álcool e do "elevado preço que as marcas estão a praticar para fazerem negócio", a ambição da destilaria passa por "ajudar a população local para que não faltem meios" e por "salvar vidas", justificam os responsáveis da destilaria, numa publicação nas redes sociais.
"Enquanto produtores de álcool questionámos o hospital para saber quais as reais necessidades que tinham, assim como a alfândega para saber a forma como podíamos fazer a doação. Suportamos os custos de toda a matéria-prima, porque a nossa intenção é ajudar a população", adiantou à agência Lusa Miguel Nunes, proprietário da destilaria “Black Pig”.
Após receber o aval das duas entidades, o empresário “arregaçou as mangas” e começou a produzir, não o gin, o medronho ou o rum da premiada marca “Black Pig”, mas uma fórmula que “possa ser utilizada para fins medicinais”.
"Questionámos o hospital sobre o volume de álcool que consome e adaptámos os nossos processos produtivos para redestilar um álcool alimentar em álcool medicinal, de propósito para o hospital, a 70 por cento de volume, e assim dotar a unidade de saúde com melhores capacidades", referiu.
Em poucos dias, a destilaria produziu 100 litros de álcool, que foram doados ao Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, acrescentou o empresário, que se disponibilizou a “aumentar a produção, caso seja necessário”.
Além da produção de álcool desinfetante, o produtor, que é igualmente criador de porco preto alentejano, adiantou que vai lançar em breve uma campanha de sustentabilidade alimentar e apoiar as famílias mais carenciadas do concelho de Santiago do Cacém, no litoral alentejano, com a oferta de cerca de 30 leitões.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 43 mortes, mais 10 do que na véspera (+30,3%), e 2.995 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista 633 novos casos em relação a terça-feira (+26,8%).
Dos infetados, 276 estão internados, 61 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.
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