As informações pessoais e de saúde dos afetados ficaram à disposição do público durante quase um mês depois que um colaborador contratado pelo Hospital Albert Einstein divulgou numa plataforma uma lista de utilizadores, e respetivas senhas, para aceder os sistemas do Ministério da Saúde.

Com isso, ficaram expostos os dados de milhões de pacientes das 27 unidades federativas brasileiras, inclusive do Bolsonaro, que contraiu o novo coronavírus em julho passado e do qual recuperou no final daquele mesmo mês, e de alguns dos seus familiares.

Entre os pacientes que tiveram a sua privacidade exposta estão sete ministros de Estado e dezassete governadores regionais, além dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, que também contraíram a covid-19.

A falha permitiu filtrar endereços, números de telefone e doenças prévias dessas 16 milhões de pessoas, cujas informações constavam em dois bancos de dados do Ministério da Saúde.

No primeiro, denominado E-SUS-VE, são reportados casos suspeitos e confirmados do novo coronavírus, quando o quadro de saúde do paciente é leve ou moderado; e o segundo, Sivep-gripe, inclui hospitalizações por síndromes respiratórias agudos graves.

O jornal Estadão tomou conhecimento do ocorrido através de uma denúncia que incluía um hiperligação para a plataforma "github", onde estavam os utilizadores e as senhas de acesso ao banco de dados do Ministério, numa mensagem publicada em 28 de outubro pelo funcionário do Albert Einstein.

"Github" é uma ferramenta que os programadores informáticos usam para armazenar códigos e arquivos.

O hospital Albert Einstein reconheceu hoje, em comunicado, que o colaborador em questão "havia arquivado as informações de acesso a determinados sistemas" do Ministério da Saúde "sem a proteção adequada", e, por isso, decidiu demiti-lo.

“A informação foi imediatamente retirada e o facto comunicado ao Ministério da Saúde para que tomasse medidas que garantam a proteção dos dados”, acrescentou.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,1 milhões de casos e 170.769 óbitos), depois dos Estados Unidos.

Após cerca de dois meses em fase regressiva, os casos e internações por covid-19 voltaram a crescer em várias regiões do país e alguns especialistas em epidemiologia já falam numa segunda vaga, embora sem o país ter abandonado definitivamente a primeira.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.422.951 mortos resultantes de mais de 60,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.