“É evidente que estamos com números elevados, não vale a pena negar isso, é evidente que podem ir – já disse eu e o primeiro-ministro - até mais de mil casos por dia. Também é evidente que, neste momento, não há um risco na capacidade de reposta do Serviço Nacional de Saúde [SNS] quer em internamentos quer em cuidados intensivos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa à margem de uma visita a São Brás de Alportel.

O chefe de Estado acrescentou que “o número de mortes também não se tem afastado muito daquela média” que classificou como “uma linha vermelha”, que será cruzada no dia em que se atingir “várias dezenas de mortes por dia”.

“Isso seria já ultrapassar a linha vermelha”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje visitou São Brás de Alportel e tem previsto um jantar com os autarcas do Algarve naquele concelho.

O Presidente da República lembrou declarações suas que já davam conta de que os responsáveis políticos e técnicos esperavam “mil casos ou mais de mil casos”, admitiu que “não foi esta semana”, mas reiterou a ideia de que “pode acontecer nas próximas semanas”,

“É evidente que a maioria dos casos respeita a pessoas de idade que vai até aos 30 ou 40 anos, no máximo, a grande maioria até aos 29 ou 30 anos, isso tem dado uma subida de internados, embora não tanto de cuidados intensivos, não há stresse neste momento no Serviço Nacional de Saúde, no sentido de haver a sensação de se estar a aproximar do limite da capacidade de resposta”, argumentou.

O chefe de Estado afirmou ser “evidente que é um número elevado”, mas insistiu que o país vai ter de “conviver provavelmente uns tempos com números bastante elevados”, com “custos” para as pessoas.

“E o custo é em relação aos países que adotam um sistema diferente do nosso, temos dificuldade nas entradas, eu próprio tenho um problema, que é ter uma sessão de abertura do ano numa universidade belga muito prestigiada em que o patrono é o presidente Mário Soares, e deveria lá ir falar em meados de outubro. E há dificuldades, porque a Bélgica tem vindo a agravar a entrada de portugueses por causa dos números da pandemia”, salientou.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que evolução da pandemia de covid-19 “depende da circulação das pessoas, da abertura ao exterior, da idade das pessoas, de serem sobretudo crianças ou jovens, gente muito nova ou velhos”, mas garantiu que é feita uma “monitorização com total verdade” sobre a situação e as autoridades “decidirão o que for necessário” em cada momento.

“As pessoas têm de estar atentas e fazer a sua missão, que é uma missão social, que é fazerem tudo para prevenir riscos”, afirmou, apelando a que todos atuem “responsavelmente” para se proteger a si e aos outros de comportamentos de risco.