Em declarações aos jornalistas, nos Passos Perdidos do parlamento, o deputado único liberal, João Cotrim Figueiredo, admitiu que a audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa “foi de facto diferente das anteriores”, não só “por ter sido à distância, mas também porque pela primeira vez é tida em contexto de rutura do sistema hospitalar e de descontrolo absoluto das cadeias de transmissão”.

“Pela primeira vez pode-se dizer que ninguém sabe o que há de fazer que não seja um confinamento geral”, assumiu.

Os liberais, recordou o também presidente do partido, têm-se oposto ao estado de emergência, inicialmente porque não confundiam esta figura “com medidas de contenção”, que apoiavam, rejeitando que fosse “necessário o estado de emergência”.

“Agora admitimos que é possível ter necessidade de confinamento geral e a cobertura legal do estado de emergência, mas não este estado de emergência porque este estado de emergência já provou que dá poderes excessivos ao Governo do qual ele abusa”, criticou.

A objeção da IL "ao estado de emergência é ser este estado de emergência", ao qual se vão "continua a opor", explicou o deputado, criticando que este continue "a ter controlo de preços, a impedir pessoas de se desvincularem do SNS, poderes excessivos perante aquilo que é o combate à pandemia".

Cotrim Figueiredo deu o exemplo do “ensino à distância nas escolas, que não está sequer devidamente coberto no decreto presidencial do estado de emergência”, que apontou como “um abuso claro em termos de proporcionalidade, em termos de adequação àquilo que é combate à pandemia porque "o vírus não se apanha por zoom".

"O senhor Presidente da República também falou de alguns ajustes que irá fazer. Vamos ver em que termos em que isso pode acontecer”, adiantou, em relação a esta questão do ensino à distância.

De acordo com o liberal, Marcelo Rebelo de Sousa "falou ainda na possibilidade de voltar a permitir a comercialização de livros nos estabelecimentos que já estão abertos por motivos de venderem bens alimentares e que poderiam voltar a vender livros, como aconteceu no primeiro confinamento".

"Vamos esperar para ver exatamente a redação do decreto presidencial do estado de emergência", disse.

Como "sempre acontece" nas conversas com o Presidente da República, acrescentou Cotrim Figueiredo, a preocupação do partido "é virada para o futuro" porque "não pode acontecer daqui por um mês ou dois a voltar a dizer que Portugal não se preparou para o desconfinamento".

"Portugal passou daquilo que alguns diziam que era um milagre português para ser o pior país do mundo em termos de óbitos e casos por milhão de habitantes e daqui por um mês ou dois, quando estivermos obrigatoriamente que estar a preparar um desconfinamento, vão chegar à conclusão de que não estão preparados porque a estratégia que está a ser seguida conduziu-nos até aqui", lamentou.

A Iniciativa Liberal, segundo o seu presidente e representante no parlamento, disse a Marcelo Rebelo de Sousa que "é muito importante olhar para aquilo que será parte de uma iniciativa legislativa do partido para propor uma nova abordagem estratégica ao combate à pandemia".

"Passa por ser muitíssimo mais pró-ativo na testagem, usar testes rápidos para voltar a ganhar controlo das cadeias de transmissão, ser muito mais exigente com o plano de vacinação, que só não está evidente que é curto porque houve atrasos na entrega de vacinas senão já hoje teríamos a perfeita consciência que haverá mais vacinas do que capacidade de vacinação e ser exigente também na matéria das pessoas que já recuperaram, que já tiveram o vírus, que esta semana vão ultrapassar meio milhão de portugueses", antecipou.