O ministério da saúde iraniano anunciou a morte de três novos pacientes infectados pelo COVID-19. O país tem agora 43 casos do novo coronavírus e oito mortes no total. O aumento do número de casos levou alguns países vizinhos a fechar as fronteiras ou a proibir viagens para o Irão.

Os primeiros casos e as duas primeiras mortes, que aconteceram na cidade sagrada xiita de Qom, foram anunciados na quarta-feira, dois dias antes das eleições legislativas. O facto levou o guia supremo iraniano a acusar a imprensa estrangeira de usar a epidemia como "pretexto" para prejudicar as eleições legislativas.

"A propaganda começou há alguns meses e intensificou-se à medida que as eleições se aproximavam e nos últimos dois dias, sob o pretexto de uma doença e um vírus", afirmou neste domingo Ali Khamenei, durante a sua aula semanal aos estudantes de Teologia em Teerão.

De acordo com o site oficial, o ayatola Khamenei denunciou a "grande nuvem (de desinformação) criada pela imprensa estrangeira, que não perdeu a oportunidade para dissuadir a população de votar".

"Apesar da propaganda, o guia da Revolução Islâmica aplaudiu grande participação da população nas eleições", afirma o site.

O ministério do Interior deve anunciar em breve os resultados das eleições. De acordo com números preliminares, os conservadores lideram a disputa.

O ministro Abdolreza Rahmani Fazli informou que o índice de participação na votação de domingo foi de 42,57%, a menor taxa registada em eleições legislativas desde a proclamação da República Islâmica, em 1979.

Nas 10 legislativas anteriores, a participação superou sempre os 50%.

Muitos analistas previram um elevado índice de abstenção, depois de as candidaturas de muitos candidatos reformistas e moderados terem sido rejeitadas.

O Irão foi o primeiro país do Oriente Médio a registar mortes provocadas pelo novo coronavírus.

As duas primeiras vítimas fatais eram idosos, segundo as autoridades. A nacionalidade dos outros mortos ou infetados não foi divulgada.

Como "medida de prevenção", o governo anunciou o fecho de escolas e universidades, cinemas, teatros e outros centros culturais em 14 das 31 províncias do país, incluindo Teerão.

Os eventos culturais e artísticos foram proibidos durante uma semana nas regiões afetadas.

O ministro da Saúde, Said Namaki, anunciou que o tratamento da doença será gratuito. Um hospital de cada cidade dedicar-se-á exclusivamente a "atender, examinar e tratar os casos de coronavírus".

Na capital Teerão, cidade com mais de oito milhões de habitantes, onde foram registados quatro dos 15 novos casos anunciados neste domingo, a autarquia ordenou o fecho das fontes de água e dos postos de vendas de doces no metropolitano.

Gholamreza Mohammadi, porta-voz da autarquia, afirmou que as carruagens do metro e os autocarros estão a ser desinfetados.

"Se o número de pessoas infetadas aumentar em Teerão, toda a cidade será colocada em quarentena", declarou Mohsen Hashemi, presidente do Conselho Municipal da capital.

Transportes públicos em Teerão alvo de medidas extraordinárias

Os transportes públicos e locais públicos em Teerão passaram a ser alvo de medidas de higienização diárias, anunciou hoje o presidente da câmara da capital iraniana, na sequência do aumento do número de vítimas mortais para oito.

Citado pela agência oficial IRNA, Pirouz Hanachi disse que as medidas extraordinárias são conduzidas durante a noite e incidem em grandes praças, terminais de autocarros e estações de comboio para combater a potencial disseminação do novo coronavírus.

Em declarações à imprensa antes da realização de mais uma reunião do gabinete de crise criado para gerir o surto de Covid-19, Pirouz Hanachi salientou que a campanha sanitária será realizada até que a ameaça do novo coronavírus desapareça.

O dirigente acrescentou que Morteza Rahmanzadeh, responsável do Distrito 13 de Teerão, já efetuou quatro exames de despistagem do coronavírus, três dos quais deram positivo, mas que está a reagir bem.

Países vizinhos fecham fronteiras

A Turquia anunciou neste domingo o encerramento temporário da sua fronteira terrestre com o Irão, assim como a suspensão de voos provenientes deste país. A decisão também foi adotada pelo Paquistão e pelo Afeganistão.

"Decidimos fechar a nossa fronteira terreste após o aumento do número de casos no Irão", declarou o ministro da Saúde turco, Fahrettin Koca.

O ministro sublinhou que a Turquia está "preocupada" com a situação e tomou estas medidas depois de conversar com as autoridades iranianas.

Estradas e ferrovias serão fechadas neste domingo a partir das 17h, no horário local.

O tráfego aéreo também será suspenso a partir das 20h, neste domingo.

"Isto significa que os voos que chegam à Turquia vindos do Irão serão suspensos e os embarques em direção ao Irão são mantidos", disse.

O Irão, que já registou oito mortes por coronavírus, é o país com o maior número de mortos fora da China.

Da mesma forma, o Afeganistão "proibiu temporariamente" as viagens por terra ou ar entre o país e o Irão para impedir a propagação do coronavírus.

O Conselho afegão de Segurança Nacional informou que até o momento não foi detetado nenhum caso do vírus no país.

(Artigo atualizado às 20:04)