Em declarações à agência Lusa, o autarca de Loures, no distrito de Lisboa, criticou o facto de o Governo não ter cumprido o compromisso de reforçar a Unidade de Saúde Pública e de tornar os concursos para médicos e enfermeiros pouco atrativos.
“Nos últimos meses houve um conjunto de compromissos no sentido de haver mais contratação e neste momento o balanço que temos é que em relação a médicos as vagas disponibilizadas são inferiores àquelas que tinham sido pedidas pelo ACES (Agrupamento de Centros de Saúde) e ainda não houve a entrada de nenhum médico”, apontou.
Relativamente aos enfermeiros, Bernardino Soares referiu que a entrada “tem sido residual”, sublinhando que estes profissionais “são essenciais para a realização das visitas domiciliárias e para o apoio nos lares”.
“Isto deve-se, certamente, ao facto de os concursos que estão a ser feitos pelo Ministério da Saúde terem condições muito fracas. São concursos para quatro meses de contrato e um salário líquido inferior a mil euros. Isto não é propriamente atrativo para a maioria dos profissionais de enfermagem”, argumentou.
Nesse sentido, Bernardino Soares sublinhou que esta “carência de recursos humanos” na área da Saúde coloca em causa a resposta às situações covid-19 e o acesso aos cuidados médicos para quem sofre de outras patologias.
“O inverno está aí, a covid continua a subir, as outras patologias de inverno vão continuar a aparecer e os recursos não estão preparados para esta situação”, sintetizou.
Bernardino Soares alertou, igualmente, para o congestionamento do Hospital Beatriz Ângelo, que serve os concelhos de Loures, Odivelas, Mafra e Sobral de Monte Agraço, e defendeu a necessidade de existir uma maior articulação regional.
“O Hospital Beatriz Ângelo tem muito mais internamentos do que os outros hospitais da região e isso significa que torna mais difícil o tratamento dos doentes covid aqui da zona e também tira recursos ao resto da atividade do hospital, penalizando a população”, alertou.
Outro dos alertas feito pelo autarca comunista foi referente ao acesso previsto à vacina da gripe nas farmácias, considerando que este corresponde a “um recuo em relação aos últimos anos”.
“No nosso concelho ficará por um terço dos valores que habitualmente temos nesta vacinação e, portanto, o que nós temos com esta proposta, em que o Governo além de disponibilizar as vacinas não coloca nenhuma verba, é um recuo ao que tivemos em anos anteriores e nós consideramos isso inaceitável”, atestou.
A campanha de vacinação do Serviço Nacional de Saúde, que começa habitualmente em 15 de outubro, inicia-se este ano mais cedo com uma primeira fase para a qual há 350 mil vacinas disponíveis.
Residentes em lares de idosos, profissionais de saúde, profissionais do setor social que prestam cuidados e grávidas estão entre os setores mais vulneráveis e serão os primeiros a poder ser vacinados.
Na segunda fase, que começará em 19 de outubro, estão incluídos outros grupos de risco: pessoas com 65 ou mais anos e pessoas com doenças crónicas.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 34 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.971 pessoas dos 75.542 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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