“Hoje ainda não falta, do ponto de vista global, oferta de comboios nas linhas urbanas. A procura ainda é muito mais baixa do que no período anterior à pandemia e a lotação de 2/3 é cumprida na esmagadora maioria dos comboios, mesmo nas horas de ponta”, afirmou Pedro Nuno Santos, na abertura da interpelação ao Governo no parlamento, agendada a pedido do BE, sobre “a resposta à covid-19 na Grande Lisboa, nos transportes e habitação”.
Contudo, acrescentou, apesar de as taxas de ocupação dos comboios nas linhas urbanas continuarem a ser muito baixa - na Linha Sintra/Azambuja a lotação média em hora de ponta antes da pandemia era acima de 80% e hoje é de 30% - “isto não significa que tudo está bem”, já que “um ou outro dos cerca de 660 comboios urbanos que a CP opera por dia na Grande Lisboa” atinge 66% da lotação.
Mas, perante os problemas, há que ouvir quem tem a informação rigorosa, evitando “as alternativas falsas ou frágeis”, defendeu.
Entre as “alternativas falsas ou frágeis” que têm sido sugeridas, Pedro Nuno Santos exemplificou com a proposta para acrescentar comboios na Linha de Sintra, notando que tal é impossível, porque a plataforma já é toda utilizada.
Pedro Nuno Santos referiu-se ainda à proposta do BE para haver um desdobramento da Linha de Sintra através de uma complementaridade do transporte rodoviário, admitindo que embora o Governo não a rejeite, não tem “muitas expectativas” nessa solução.
“É fácil perceber porquê: um comboio na linha de Sintra com a lotação máxima transporta duas mil pessoas e liga todas as estações em 40 minutos; um autocarro leva 50 pessoas e demoraria o dobro ou o triplo a fazer o mesmo trajeto. Isto significa que, se quiséssemos acrescentar à nossa oferta o equivalente a um comboio, teríamos de injetar 40 autocarros a hora de ponta. E como não pode ser na linha férrea, tinha de ser no IC 19”, disse.
Ainda sobre o problemas da falta de oferta de comboios urbanos, o ministro das Infraestruturas e Habitação referiu que está a ser estudada a possibilidade de, nos próximos meses, “injetar, pelo menos, mais um comboio por hora na linha de Sintra”, salientando que, “face aos constrangimentos da capacidade da linha, esta é a melhoria possível”.
No longo prazo, acrescentou, além do aumento do número de comboios, só a quadriplicação da ligação entre o Areeiro e a Gare do Oriente permitirá ultrapassar as limitações que hoje impedem um reforço de oferta na linha de Sintra.
“Nós não ignoramos que a tendência da procura daqui para a frente será para aumentar. O que temos de garantir, isso sim, é que as melhores práticas de segurança e de defesa da saúde pública continuam a ser seguidas”, afirmou, considerando que seria positivo que o país pudesse caminhar para um desencontro nos horários de entrada no trabalho, porque isso diminuiria a pressão concentrada da procura.
Enquanto esse desencontro de horários não for possível, responsáveis políticos, empresas e população terão de procurar “a cada momento o melhor equilíbrio entre a necessidade de usar os transportes públicos para viver e trabalhar e o direito a fazê-lo em segurança e tranquilidade”, ou seja, nesta fase utilizando-o para as tarefas essenciais, como trabalhar.
No seu discurso inicial no debate, o ministro fez ainda uma referência ao setor da Habitação, reconhecendo que algumas das medidas que o Governo tomou nos últimos meses tiveram um impacto limitado, como os apoios financeiros do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) para o pagamento das rendas.
“Não só foram apenas dois mil os pedidos recebidos, mas apenas cerca de 500 os processos que já foram autorizados. A demora da resposta é grande e não é compatível com o grau de urgência das famílias”, disse, recordando que, perante a falta de recursos humanos, se procurará agora “que todas as candidaturas sejam aprovadas, no prazo de uma semana, mediante declaração de honra, e analisadas nos 60 dias seguintes”.
“Perante a falta de recursos humanos e do tempo que demora a contratar, esta é a solução menos má perante urgência das famílias”, notou.
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