“O parceiro Estado está a deixar-nos à nossa mercê. Não há qualquer tipo de resposta efetiva, designadamente ao nível dos testes”, declarou à agência Lusa o presidente regional da UMP, António Sérgio Martins, que é também provedor da Santa Casa da Misericórdia da Pampilhosa da Serra, no interior do distrito de Coimbra.
Utentes, trabalhadores e dirigentes do lar da instituição “estão ainda à espera de ser rastreados, para se tentar evitar males maiores”, defendeu. Se a realização dos testes tardar, “o esforço da instituição pode ir todo por água abaixo”, sublinhou.
António Sérgio Martins disse que as suas críticas às competentes entidades do Estado, no processo para travar a propagação da pandemia nos lares, são “um grito de revolta” perante “a falta de perceção do barril de pólvora” que se verifica no acolhimento de milhares de idosos, em Portugal, designadamente nos espaços geridos pelas misericórdias.
“Temos pessoas a dormir na instituição e eu próprio estou cá dentro, para mobilizar estas guerreiras”, disse, em reconhecimento do atual esforço acrescido das funcionárias.
O provedor, que desde sábado está confinado a um espaço da Misericórdia da Pampilhosa da Serra, a partir do qual exerce as funções “em isolamento total”, manifestou especial preocupação com a situação de três utentes que fazem hemodiálise e que têm de ser transportados com frequência a outra localidade para o tratamento.
“Estas pessoas teriam de ser institucionalizadas no sítio onde estão a fazer hemodiálise, para diminuir ao máximo o risco de contágio”, preconizou.
Nos 17 municípios do distrito de Coimbra, existem 22 misericórdias e mais de 25 lares de idosos na dependência da UMP.
Ao todo, são cerca de 2.000 trabalhadores e mais de 7.000 utentes de diferentes idades, metade dos quais idosos institucionalizados, nas diferentes valências dessas organizações de solidariedade social.
No universo distrital, até ao momento, o Secretariado Regional não registou qualquer caso de infeção pela covid-19, segundo António Sérgio Martins.
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