“Houve a recusa dos médicos hospitalares em serem deslocados para um sítio que não tem condições”, afirmou à agência Lusa o presidente do Conselho Regional do Sul da OM, Alexandre Valentim Lourenço.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo determinou que médicos das Unidades Locais de Saúde da região fossem mobilizados para Reguengos de Monsaraz para apoiarem os utentes infetados com covid-19 do Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), entretanto transferidos para um pavilhão do parque de feiras e exposições, que é agora ‘hospital de campanha’.

“O hospital que presta apoio é o Hospital de Évora”, mas “os clínicos que estavam a ser deslocados” para Reguengos de Monsaraz “eram de Santiago do Cacém, de Beja, de Elvas e não do hospital que os ia receber", sublinhou o responsável da OM, acrescentando: "Não faz sentido”.

Com a situação no lar, o concelho de Reguengos de Monsaraz regista o maior surto no Alentejo da doença provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, com 15 mortos e 133 casos ativos, 13 deles internados no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).

Alexandre Valentim Lourenço disse ter recebido diversos “papéis assinados de diretores de serviço a dizerem que, legalmente, aquilo [instalações para onde os idosos foram transferidos] não é um hospital”.

Os médicos hospitalares de Medicina Interna “não podem ser deslocados do sítio onde estão a trabalhar e a fazer falta para irem para um sítio com menos qualificação”, disse, frisando que estes clínicos “têm muitos doentes a seu cargo, doentes com patologias graves, e têm as enfermarias para ver todos os dias”.

Para o mesmo responsável, as instalações em Reguengos de Monsaraz “não são um hospital, continuam a ser um lar”, porque “não têm nada”.

“Não há estrutura hierárquica, não tem farmácia, não há medicamentos endovenosos para dar, ou seja, ali limitam-se a pôr soros e a ver a tensão aos doentes. Isto não é um hospital”, criticou.

Por isso, e porque “estes doentes descompensam muito depressa”, uma vez que “grande parte tem uma idade bastante avançada e tem doenças crónicas”, os utentes “deviam estar numa enfermaria de hospital com vigilância permanente”.

Já o presidente da ARS do Alentejo, José Robalo, disse à Lusa que, apesar de o organismo que dirige ter convocado médicos e enfermeiros dos hospitais das ULS do Baixo Alentejo (Beja), do Norte Alentejano (Portalegre e Elvas) e do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém) para a vigilância dos utentes do lar, os clínicos hospitalares só apoiaram “entre 27 de junho e 02 de julho”.

“Em 03 de julho, recebi uma carta de um médico hospitalar escalado para esse dia a dizer que não iria comparecer e, desde então, deixaram de colaborar. Os médicos começaram a faltar e recebemos documentos das ULS a referirem que não havia disponibilidade de médico”, revelou.

A equipa de Saúde que está diariamente em Reguengos de Monsaraz é constituída por “sete enfermeiros e dois médicos”, esclareceu José Robalo.

“Das 08:00 às 20:00, temos um médico de Medicina Geral e Familiar e quatro enfermeiros enviados pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Central”, além de “um médico hospitalar e dois enfermeiros das Forças Armadas, em turnos de 24 horas, e um enfermeiro proveniente de uma ULS, durante a tarde, com pausa para dormir à noite e que retoma na manhã seguinte”, precisou.

A juntar a estes profissionais, “por vezes”, vai a Reguengos de Monsaraz “uma equipa de médicos de Medicina Interna, com alguém da Patologia Clínica, do HESE para avaliar e ver se algum utente tem indicação para ser referenciado para o hospital”, acrescentou.

A ARS tinha também suspendido as férias dos profissionais de Saúde, entre o passado dia 01 deste mês e até esta sexta-feira, tendo José Robalo revelado hoje que essa medida não vai ser prolongada: “Não há necessidade porque os doentes do lar já estão mais estabilizados”.

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