Em conferência de imprensa, António Lacerda Sales referiu que "o esforço na luta contra a covid-19 tem mobilizado diversos agentes sociais, desde autarquias, IPSS, empresas. São exemplo dessa mobilização a abertura de pavilhões e outras estruturas com a finalidade de acolher, se necessário, pessoas com covid-19 que não disponham de condições de cumprir o isolamento no domicílio, e ainda a instalação de postos de colheita de material biológico para diagnóstico da infeção. Este esforço coletivo deve ser enaltecido e incentivado", explicou.

Neste sentido, o Governo decidiu que estas estruturas "ficam isentas do pagamento das taxas de registo previstas pelo sistema de registo de estabelecimentos regulados pela Entidade Reguladora de Saúde". A isenção vigora até ao final do ano de 2021.

O secretário de estado da Saúde referiu ainda que chegam já 44 ventiladores provenientes da China, 20 dos quais para o Centro Hospitalar no Algarve. Os restantes serão repartidos pelas outras unidades do SNS.

"Durante as próximas semanas continuarão a chegar aviões com ventiladores cruciais para robustecer o nosso Serviço Nacional de Saúde e para a preparação de uma eventual segunda vaga de epidemia", frisou.

Lacerda Sales referiu ainda que foi ontem aprovada a autorização para a aquisição de vacinas para a época gripal, "dando continuidade aos trabalhos já desenvolvidos". Portugal pretende adquirir 2 milhões de doses de vacinas (mais de 13,6 milhões de euros), mais 500 mil doses do que na última época. A medida é tomada no sentido de um possível cruzamento entre as epidemias.

"Preparamo-nos para o pior e esperamos para o melhor. Continua a ser este o nosso caminho", disse.

O que diz o boletim esta sexta-feira?

Portugal regista hoje 1.289 mortes relacionadas com a covid-19, mais 12 do que na quinta-feira, e 30.200 infetados, mais 288. Em comparação com os dados de quinta-feira, em que se registavam 1.277 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,9%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (30.200), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 288 casos do que na quinta-feira (29.912), representando uma subida de 1%.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (725), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (300), do Centro (233), do Algarve (15), dos Açores (15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de quinta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.

Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 659 vítimas mortais são mulheres e 630 são homens.

Das mortes registadas, 866 tinham mais de 80 anos, 251 tinham entre os 70 e os 79 anos, 116 tinham entre os 60 e 69 anos, 40 entre 50 e 59, 15 entre os 40 e os 49 e um dos doentes tinha entre 20 e 29 anos.

A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 576 doentes estão internados em hospitais, menos 32 do que na quinta-feira (-5,3%), e 84 92 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, menos oito (-8,7%).

A recuperar em casa estão 20.745 pessoas.

Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.107), seguido por Vila Nova de Gaia (1.535), Porto (1.337) Matosinhos (1.257), Braga (1.199) e Gondomar (1.065).

Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 306.171 casos suspeitos, dos quais 2.257 aguardam resultado dos testes.

Há 273.714 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 7.590 (mais 1.138, +17,6%).

Situação na Azambuja

Sobre o surto de covid-19 na Azambuja, Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, corrigiu na conferência de imprensa diária uma informação dada ontem, quinta-feira. "Estão programados 339 testes na Sonae, nos dois setores que têm casos, no entanto estes ainda estão em curso", disse, referindo que os testes realizados já permitiram identificar 76 casos positivos.

"Foram tomadas as medidas de acompanhamento dos casos positivos que estão bem, bem como dos seus contactos. Estão a ser acompanhados e rastreados os seus coabitantes e algumas pessoas da comunidade", explicou ainda.

Contudo, os casos não ficam apenas pela Sonae. "Outras empresas da Azambuja, por princípio da precaução, testaram também os seus trabalhadores e foram encontrados, numa dessas empresas, dois casos positivos e, noutra, três. Felizmente nas outras não foram encontrados mais casos positivos", disse.

Os casos estão a ser vigiados e acompanhados, de forma a que se possa quebrar a cadeia de transmissões, assegurou Graça Freitas. "É uma situação epidemiológica particular mas que está a ser acompanhada por toda as entidades do setor da saúde e da autarquia".

"Quando acontece um caso positivo é feito um inquérito epidemiológico à volta e é observado se existem contactos de alto risco ou não", disse. "A decisão de testar, de isolar, de pôr em vigilância ativa ou passiva é tomada pelas autoridades de saúde em função dessa história epidemiológica", precisou.

Dando o exemplo das fábricas, Graça Freitas explicou que são feitos "testes em anel", ou seja, testam-se primeiro as pessoas mais próximas do caso positivo e "vão-se alargando os anéis e chega-se a uma altura em que já não se encontram pessoas positivas".

"Chama-se a isto estratificar os testes", disse, justificando o porquê de não serem realizadas análises a todas as pessoas de um mesmo local.

Surto em Santa Maria

Sobre o surto no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), no Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Maria, Graça Freitas começou por referir que o serviço em causa "é grande, tem 90 camas de cuidados intensivos e várias unidades técnicas".

A Diretora-Geral da Saúde apontou que o surto está "circunscrito" a uma enfermaria, com 15 camas, razão pela qual para os restantes serviços será mantida, disse, "a higienização habitual".

Depois de transferidos os doentes infetados para outra área, a "enfermaria vai sofrer uma descontaminação, uma limpeza profunda, na segunda-feira e reabre na terça-feira", explicou. Todas as outras áreas do Serviço continuam em funcionamento.

Em comunicado, o hospital referiu que "além de três doentes infetados, transferidos para enfermarias dedicadas à covid, 11 profissionais — cinco enfermeiros e seis assistentes operacionais — testaram positivo, não  apresentam quadros clínicos graves e estão ser devidamente acompanhados pelo Serviço de Saúde Ocupacional do CHULN e pela autoridade de saúde regional. Os restantes doentes foram já testados duas vezes e continuam todos negativos, estando já em curso o terceiro rastreio".

Graça Freitas referiu que os valores se mantém inalterados desde ontem.

A mortalidade em Portugal

Portugal registou entre 01 de março e 10 de maio mais 1.964 mortes que no período homólogo de 2019 e mais 878 comparativamente a 2018, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Questionada sobre estes dados, tendo em conta a diferença de valores quando subtraídos os óbitos por covid-19, Graça Freitas começou por referir que "tivemos uma mortalidade muito baixa" nos meses de janeiro e fevereiro, em comparação com períodos homólogos dos últimos cinco anos, tendo em conta o "inverno ameno".

Contudo, em abril registou-se de facto "um pequeno pico", que incluía já "casos covid e outras situações não covid, nenhuma em específico".

"Neste momento, a mortalidade está completamente dentro dos valores e dos parâmetros esperados", acentuou.

E os aviões?

O Governo anunciou ontem que os aviões deixam de ter lotação de passageiros reduzida, de dois terços, a partir de 1 de junho e que o uso de "máscara comunitária é obrigatório".

Questionada sobre o porquê desta medida, do ponto de vista da saúde, considerando que são diferente as normas adotadas nos restantes transportes públicos, Graça Freitas referiu que "são diretivas internacionais", não sendo da responsabilidade de um único país.

"É ponderado o risco. Na altura em que é feito o check-in, sobretudo quando há surtos em curso, as tripulações de terra têm indicações muito claras de fazer uma série de verificações, até visuais, sobre se aquelas pessoas podem estar ou não com sintomas da doença", começou por explicar.

Reconhecendo que o processo não é "100% infalível", a Diretora-Geral da Saúde referiu que existem outras coisas a considerar. "Também está referido que, quando há epidemias ativas nos países, pode ser instituído um rastreio quando se sai e que permite detetar potenciais doentes", bem como "protocolos muito estritos para pessoas que venham a desenvolver doenças a bordo", estando definido o que se faz ao passageiro e como se avisam as autoridades se verificados sintomas.

Além disso, "quer os passageiros, quer os tripulantes têm a indicação de fazer o voo com máscara, com exceção da altura da refeição".

Graça Freitas frisou que "terá sido com base em protocolos e precauções que, a nível internacional, as entidades que regulam a aviação civil tomaram a decisão".

A denúncia da Ordem dos Enfermeiros

O Ministério da Saúde vai "avaliar e analisar" se há fundamentação para a denúncia hoje feita pela Ordem dos Enfermeiros (OE) de que profissionais infetados no trabalho com covid-19 estão a ser confrontados com "cortes significativos" de rendimento.

"Iremos avaliar e analisar, perceber junto das respetivas Administrações Regionais de Saúde se há alguma fundamentação e corrigir", disse o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

Em comunicado, a estrutura diz que foi confrontada, nas últimas 24 horas, "com uma situação inadmissível, que não pode deixar de repudiar e denunciar, exigindo medidas urgentes ao Ministério da Saúde e ao Ministério do Trabalho".

"Enfermeiros de todo o país, que foram infetados com a covid-19 no exercício de funções, foram confrontados com a ausência de remuneração ou cortes significativos", adianta.

António Lacerda Sales disse que "não ter conhecimento dessa situação", mas sublinhou que após a apurar, se vier a justificar-se, será corrigida.

A Ordem dos Enfermeiros diz ter recebido exposições de vários enfermeiros que, testando positivo há mais de 50 dias, não têm qualquer fonte de rendimento ou de proteção e dá como exemplo um casal de enfermeiros que, cada um, recebeu este mês apenas 60 euros de remuneração, referentes a horas realizadas em meses anteriores.

A vinda dos emigrantes

"Não há discriminação entre emigrantes e não emigrantes. Para nós, os emigrantes são sempre bem-vindos e são cidadãos de plenos direitos e plenos deveres", frisou Lacerda Sales, questionado pela imprensa regional sobre o regresso de portugueses a aldeias do interior, com população de risco.

"Por isso, têm de cumprir as regras sanitárias e aquilo que são as diretrizes da DGS", disse, referindo que há confiança de que o regresso dos emigrantes se vá pautar por um comportamento cívico.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresenta sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.

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