Esta posição foi assumida por António Costa em conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, depois de questionados sobre a hipótese de países como a Hungria procederem à aquisição de vacinas por negociação direta com os fabricantes, inclusivamente no mercado chinês.
"Todos somos mais fortes se a negociação for feita pela Comissão Europeia em nome de todos e não cada um por si. Desta forma, vamos ser mais fortes, vamos obter a quantidade necessária e seremos também mais fortes no objetivo de ter o melhor preço", defendeu o líder do executivo português.
Na perspetiva de António Costa, "se Portugal negociasse sozinho a compra de vacinas, em concorrência com a União Europeia, seguramente pagaria mais e não teria mais vacinas".
Na resposta aos jornalistas, António Costa abordou também a questão do recurso à aquisição de vacinas não aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), designadamente no mercado chinês.
"Temos de ter vacinas rapidamente e foi feito um grande esforço pela EMA para agilizar o processo de licenciamento, mas sem sacrificar o fator segurança. Não queremos ter uma vacina qualquer, queremos ter uma vacina que a EMA ateste como sendo segura e efetiva para o objetivo pretendido", frisou.
Para o primeiro-ministro, a ideia de se comprar vacinas de outros mercados que não estão aprovadas, ou a intenção de dividir a capacidade negocial da União Europeia, "é tudo menos inteligente".
"Portanto, aquilo que os governos têm de explicar - e as pessoas compreendem - é que o esforço que tem sido feito pela Comissão Europeia é extraordinário. Graças a esse esforço já temos milhões de cidadãos europeus que já receberam pelo menos a primeira dose da vacina e para a semana vão receber a segunda dose", observou.
Neste ponto, o líder do executivo disse "compreender a enorme ansiedade perante uma pandemia de covid-19 que provoca uma reação de desespero".
"Mas temos de saber gerir essa ansiedade. Para que tudo corra bem, a Comissão Europeia tem de continuar a comprar em nome de todos os Estados-membros, distribuir em nome de todos no mesmo dia de acordo com a sua população, e cada Estado-membro tem a liberdade de organizar o seu próprio plano de vacinação. Isto implica uma grande disciplina para chegarmos à meta que todos ambicionamos de ter imunidade de grupo, mas isso vai levar meses", ressalvou.
Na resposta às questões sobre o processo de vacinação, António Costa voltou a equiparar a luta contra a covid-19 a uma maratona.
"Não estamos numa corrida de cem metros. Estamos numa maratona com 42 quilómetros. Mas as maratonas também se ganham", acrescentou.
Ainda em matéria de vacinas contra a covid-19, o primeiro-ministro deixou uma "recomendação" a todos os Estados-membros no sentido de que se proceda à previsão de quebras de abastecimento ao longo do processo de distribuição das vacinas.
"É um processo que vai durar vários meses e, naturalmente, podem existir incidentes nas cadeiras de fornecimento, quer com origem nas fábricas, quer no circuito de transporte, ou, ainda, no local de receção. Por isso, Portugal tomou a decisão de só administrar metade das doses recebidas para assim constituir uma reserva para a segunda doce", justificou.
Desta forma, de acordo com o líder do executivo português, "evita-se o risco de o processo de vacinação não ficar concluído por causa de um incidente".
"É uma recomendação que faço relativamente a vacinas que requerem duas doses e tem um prazo determinado para essa segunda dose ser aplicada", completou.
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