Bruno Ferreira, líder do PSD naquele concelho de Vila Real e deputado municipal na autarquia liderada pelo PS, esclareceu à Lusa a proposta apresentada na sexta-feira na Assembleia Municipal em que recomendou ao executivo “um programa de testes de despistagem à população”.
Partindo do facto de Mondim de Basto figurar na lista de concelhos com risco extremamente elevado, ser o segundo município nacional com mais casos por 100.000 habitantes e ter o dobro da incidência de infeções por covid-19 da região Norte, o social-democrata defende uma ação rápida num município que “apresenta 132 casos ativos”.
Com uma população estimada em cerca de seis mil habitantes, o PSD local fez as contas e o recurso aos “testes rápidos certificados” representaria “um investimento de 150.000 mil euros, ou seja 1% do orçamento municipal”, caso “toda a população aderisse à testagem”.
“Os Bombeiros Voluntários de Mondim de Basto têm esse serviço disponível para quem quiser efetuar os testes rápidos e nunca houve nenhuma manifestação pública contra esse serviço, pelo contrário”, afirmou Bruno Ferreira que disse estranhar a posição contrária da presidente da autarquia, Teresa Rabiço.
Segundo o deputado municipal, a autarca socialista desvalorizou a proposta, afirmando que os testes “não valem nada”, enquanto o atual vice-presidente da autarquia e presidente do Partido Socialista local, Paulo Mota, defendeu que a medida representava “custos económicos elevados”.
À Lusa, a presidente da câmara recorreu a outros números para responder à frase que lhe foi imputada pelo PSD, afirmando “não existir no concelho um surto tão elevado quanto parece, e o que há está concentrado na Santa Casa da Misericórdia”.
“Ou seja, temos 132 casos ativos no concelho, sendo que mais ou menos 90 estarão na Santa Casa”, argumentou.
Teresa Rabiço acusou o PSD de “descontextualizar” a sua afirmação na Assembleia Municipal.
“O que eu disse para além de ser a Autoridade de Saúde quem controla e acompanha quem deve ser testado, foi que os testes apenas são válidos naquele momento. Uma hora ou duas depois de termos um teste negativo podemos estar infetados. Não estou a desvalorizar os testes, devem ser feitos é quando haja necessidade, por contágio próximo ou por que a Autoridade de Saúde o determine”, respondeu.
E prosseguiu: “testar um concelho massivamente quando temos 20 ou 30 casos na população e o grosso está concentrado na Santa Casa não acho que seja útil. Se eu quisesse testar agora a população para o Natal não me servia de nada, pois daqui até lá podem ficar positivos”.
E sobre o pedido feito por Bruno Ferreira, a autarca entende que “deveria ter sido acompanhado de um parecer da Direção-Geral da Saúde” e, nessa situação, “teria de se cumprir”.
A incidência em Mondim de Basto fixa-se agora nos 2.274 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias. Entre a última semana de novembro e primeira de dezembro, o concelho registou um aumento de 32% de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2.
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