A afirmação de Jorge Vultos Sequeira surge depois de esse autarca socialista do distrito de Aveiro ter constatado que, apesar de os encarregados de educação estarem proibidos de entrar nas escolas, permanecem mais tempo do que o estritamente necessário junto aos portões de acesso, o que vem resultando em aglomerados com mais de 10 pessoas na via pública - o que está proibido pelas regras do estado de contingência que às 00:00 de hoje começou a vigorar em todo o país.
"Quando já há uma regra que diz que devemos evitar aglomerações e proximidade física desnecessárias à entrada da escola, essa regra deve ser cumprida, até para se dar o exemplo. Não estou aqui a censurar os pais porque seguramente estiveram [a agir assim] de boa-fé, a conversar e a trocar impressões sobre os seus filhos, mas quero dar este exemplo como alerta", declarou o presidente da Câmara à Lusa.
O argumento do autarca para desmotivar essas concentrações é que os encarregados de educação têm que confiar nas condições de segurança profilática adotadas pelos estabelecimentos de ensino locais. Entre as medidas implementadas para o efeito incluem-se horários desfasados de abertura, sala fixa para cada turma e lugar permanente para cada aluno, serviço ‘take-away' na cantina para viabilizar refeições no exterior e circuitos diferenciados de circulação nas diferentes áreas dos edifícios.
Jorge Vultos Sequeira admite, contudo, que, à semelhança do que vem acontecendo na generalidade do país, os casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 também têm aumentado em São João da Madeira - município de oito quilómetros quadrados com cerca de 21.700 residentes e o dobro de população móvel no período laboral.
"Temos 112 casos de covid-19 acumulados desde o início da pandemia e hoje estamos com 64 pessoas em vigilância ativa", revelou.
Realçando que a autoridade de saúde "não faz diariamente o tratamento de dados [quanto à situação epidemiológica local] nem é obrigada a fazê-lo", o presidente da Câmara divulgou pela primeira vez a estatística relativa às altas médicas já atribuídas aos diagnosticados do concelho: "a 31 de agosto estavam 96 casos confirmados e nessa altura já havia 82 recuperados".
Esses dados foram apurados, por sua vez, com recurso a um total de 3.213 testes de diagnóstico, sendo que na distribuição desses exames foi dada prioridade aos utentes e profissionais de estruturas residenciais para idosos e portadores de deficiência.
Jorge Vultos Sequeira continua, ainda assim, a não difundir o número de óbitos provocados pelo novo coronavírus, o que atribui ao "segredo estatístico" imposto pela autoridade local de saúde, que recomenda que esses dados só sejam tornados públicos quando o município atingir um determinado mínimo de casos. "Estou impedido de divulgar o número de mortos e ainda bem, porque isso significa que são poucos", explica o autarca.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 29,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 929.391 morreram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 2 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicava 1.875 óbitos entre um acumulado de 65.021 infeções confirmadas.
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