Falando no polo principal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), na apresentação de um equipamento para perfusão hipotérmica oxigenada de fígado e rim, a responsável referiu que, no período de mitigação, "apenas se deu respostas aos transplantes em doentes urgentes ou muito urgentes".
"A transplantação estava a subir em Portugal nos primeiros meses do ano, mas, a partir de março, com a pandemia, houve menos dadores e menos segurança na doação", salientou Margarida Ivo da Silva, explicando que foi necessário aumentar "a contingência relativamente à doação, porque o risco de infeção era iminente".
A coordenadora nacional da transplantação frisou ainda que as instituições de saúde "tornaram-se unidades covid-19 e as unidades de cuidados intensivos, que eram as grandes fontes de dadores, tornaram-se unidades vocacionadas para a covid-19 por necessidade".
"Os hospitais começaram a ter de se organizar em função desta pandemia e, portanto, a doação em termos de segurança - e a transplantação por consequência - baixou devido ao aumento das restrições, embora a taxa de aproveitamento dos órgãos tenha aumentado muito", sublinhou.
Segundo Margarida Ivo da Silva, estão a ser criadas as condições para se retomar as doações sem restrições, "mantendo a qualidade", de forma que os centros de transplantação retomem a atividade.
Apesar da diminuição verificada, a coordenadora nacional afirma que o objetivo estratégico passa pelo aumento da transplantação, pelo que está a ser procurada "a melhor forma de continuar a transplantar todos os doentes que necessitam e de reduzir o número de doentes para transplante".
"Estamos a redefinir novas regras, numa altura em que a pandemia está estabilizada, para mantermos a sustentabilidade da atividade. Não quer dizer que vamos subir e ter os números do ano passado, porque a recuperação pode não ser assim tão fácil", sublinhou.
O CHUC é o primeiro centro de transplantação português a utilizar um equipamento para perfusão hipotérmica oxigenada de fígado e rim, que permite melhorar a qualidade dos órgãos para transplante.
O equipamento, apresentado na tarde de hoje em conferência de imprensa, permite melhorar a qualidade dos enxertos, a função hepática pós-transplante, a sobrevivência de enxertos e recetores e a segurança da transplantação, segundo a coordenadora da Unidade de Transplantação Hepática do CHUC.
"Este dispositivo permite maximizar a utilização de órgãos para transplante, utilizar órgãos que habitualmente até podem ser recusados por serem de dadores marginais ou critérios expandidos, como é o caso de dadores idosos, de coração parado ou com muitas comorbilidades ou até com algumas alterações analíticas", disse Dulce Diogo.
Coimbra recebe equipamento que melhora qualidade dos órgãos para transplante
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) é o primeiro centro de transplantação português a utilizar um equipamento para perfusão hipotérmica oxigenada de fígado e rim, que permite melhorar a qualidade dos órgãos para transplante.
O equipamento, apresentado hoje à tarde em conferência de imprensa, permite melhorar a qualidade dos enxertos, a função hepática pós-transplante, a sobrevivência de enxertos e recetores e a segurança da transplantação, segundo a coordenadora da Unidade de Transplantação Hepática do CHUC.
"Este dispositivo permite maximizar a utilização de órgãos para transplante, utilizar órgãos que habitualmente até podem ser recusados por serem de dadores marginais ou critérios expandidos, como é o caso de dadores idosos, de coração parado ou com muitas comorbilidades ou até com algumas alterações analíticas", disse Dulce Diogo.
A responsável salientou ainda que, no pós-transplante, a técnica de perfusão hipotérmica oxigenada permite reduzir as taxas de retransplante na primeira semana, além de que "o fígado começa logo a funcionar após o transplante e isso, por vezes, é determinante, principalmente nos doentes com situações mais graves".
O dispositivo permite ainda reduzir significativamente a taxa de complicações biliares, que são, atualmente, "uma das principais complicações tardias do pós-transplante hepático e que conduzem a um aumento da morbimortalidade dos recetores".
Para o diretor clínico, Nuno Devesa, o novo equipamento, que já foi utilizado em duas situações, vai possibilitar "melhorar as transplantações e os números muitíssimo bons do CHUC", numa área que "é uma bandeira".
O CHUC, que lidera nas doações em Portugal, pretende assim "aumentar a taxa de aproveitamento dos órgãos", cujos dadores têm, atualmente, uma média de 60 anos, quando há duas décadas era de 32 anos, o que aumenta os riscos das condições ideais para transplantação.
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