A empresa afirmou que, ao fazer registo no sistema de processamento de vencimentos dos trabalhadores aderentes aos três dias de greve, foram apuradas "taxas efetivas de adesão bastante baixas”.
“Para o primeiro dia de greve, segunda-feira, 30 de novembro, a adesão foi de 11%, na quarta-feira, 2 de dezembro, a adesão foi de 8,7% e na quinta-feira, 3 de dezembro, a adesão foi de 8%, um dos níveis mais baixos de que há memória”, precisa a empresa.
Contactado pela Lusa, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Victor Narciso, contesta os números da empresa, adiantando que a adesão à greve deverá ter ficado abaixo dos 50%, mas ainda sem certezas, porque a estrutura sindical está a fazer o apuramento dos dados.
Os CTT, por sua vez, indicaram que a “distribuição postal foi prestada durante os três dias de greve, não tendo esta paralisação tido impacto na atividade e operação, não se sentindo qualquer interrupção do serviço aos clientes”.
A empresa assegurou ainda que “nos locais onde poderão, pontualmente, ter sentido eventuais constrangimentos, os CTT procederão, como habitualmente, a uma distribuição extraordinária de correio nos próximos dias”.
Esclareceu também que “ao contrário do que foi afirmado, não há critérios diferentes de reportar o nível de adesão: trata-se da percentagem de trabalhadores que declararam estar em greve face à totalidade dos trabalhadores que a poderiam ter feito”.
No dia 30 de novembro, Victor Narciso disse à Lusa que a contabilização da adesão à greve da estrutura sindical é realizada num universo que ronda os 3.100 trabalhadores e que exclui contratados a termo e chefias que "não podem fazer greve porque seriam exoneradas".
Nesse dia, os CTT garantiram que a adesão dos seus trabalhadores à greve rondava os 10,5%, mas o sindicato assegurou que era de cerca de 50%, justificando a disparidade com formas diferentes de fazer a contabilização.
Em declarações à Lusa, no dia 17 de novembro, o secretário-geral do SNTCT disse que a greve deveria ter "um grande impacto no atendimento e no tratamento e distribuição de correspondência, mas é essa a intenção, para que a empresa perceba a indignação dos trabalhadores e a opinião pública perceba o que se passa nos CTT".
Victor Narciso lembrou que o processo negocial se arrastou desde o início do ano e acabou sem qualquer acordo, já em fase de conciliação do Ministério do Trabalho, com a empresa a alegar falta de liquidez para os aumentos salariais.
"A empresa disse que não tinha dinheiro, mas pouco depois distribuiu prémios, com critérios subjetivos, e antecipou o pagamento do subsídio de Natal, parece que o problema não seria a alegada falta de liquidez, mas sim a falta de vontade de aumentar os salários", afirmou, na altura.
Na passada sexta-feira, em comunicado, a Associação Nacional dos Chefes de Estação dos Correios (ANCEC) manifestou a sua total discordância e incompreensão em relação à greve geral considerando-a "totalmente inoportuna" e que "em nada vem contribuir para a união dos profissionais dos CTT".
A Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED), por seu turno, considerou que a paralisação "mais uma vez, tem na sua base motivações estritamente ideológicas e políticas" e referiu que, nas atuais condições, é "oportunista e lesiva dos interesses dos trabalhadores".
Os CTT já tinham condenado a greve devido à data escolhida, garantindo que não faltam colaboradores no quadro e que vão ser pagos prémios aos trabalhadores.
Num comunicado divulgado no dia 19 de novembro, os Correios vincaram que os compromissos com os trabalhadores têm sido assegurados, sublinhando que, perante a covid-19, não recorreram ao regime de 'lay-off', comparticiparam a vacina contra a gripe e anteciparam o pagamento do subsídio de Natal e dos prémios extraordinários.
Para os CTT, questionar a atribuição de prémios e a antecipação do subsídio "é de uma enorme insensatez", ressalvando, no entanto, que este custo "em nada é comparável com o impacto que um aumento salarial teria nos resultados da empresa".
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