“Foram imediatamente substituídos, não houve qualquer hiato na prestação de serviços, não há nenhum caos na urgência”, afirmou Helena Pinho aos jornalistas, acrescentando que “não houve qualquer interferência no trabalho normal, quer dos internistas, quer dos outros especialistas”.
Segundo a responsável, estes médicos, que alegaram não poder manter a acumulação de funções de chefia com a atividade assistencial, são seis de um total de 18 (de várias especialidades) que têm funções de chefe de equipa do SUP do hospital de Viseu.
“Os que se demitiram são os internistas que trabalham no Serviço de Medicina Interna. Depois há outros internistas, que também são chefes de equipa, que trabalham noutros serviços”, esclareceu.
Helena Pinho contou que o pedido de demissão, feito na semana passada, teve na origem “uma discordância com a direção clínica sobre decisões de quem vê o quê dentro do serviço de urgência”.
Para terça-feira, estão já marcadas reuniões com os chefes de equipa que se demitiram e com o Serviço de Medicina Interna, durante as quais Helena Pinho acredita que vão “chegar a um entendimento”.
A diretora clínica explicou que tem estado a ser feita “uma reorganização interna do trabalho”, havendo neste momento “uma equipa fixa na sala de emergência que não é constituída por elementos do Serviço de Medicina Interna e que faz a primeira abordagem” dos doentes.
“Ao contrário do que os colegas afirmaram, neste momento os doentes mais complexos são vistos durante o período do dia, por essa equipa da sala de emergência”, frisou, acrescentando que, por outro lado, tem havido “uma diminuição acentuada de idas à urgência desde janeiro”.
A responsável referiu que a redefinição “implica que eles fiquem com algumas patologias que em todos os outros hospitais são vistas por internistas” e que no hospital de Viseu eram vistas pelos cardiologistas.
“Nós tivemos que criar, por desígnio nacional, equipas de cuidados paliativos intra-hospitalares e um serviço de hospitalização domiciliária, o serviço de cuidados intensivos tinha poucos médicos, não se conseguia fazer a escala, e tivemos que criar uma escala para a sala de urgência”, explicou.
No entanto, “os internistas não foram desviados” para outros serviços, eles “optaram por trabalhar nessas áreas, e bem, já que a Medicina Interna é a especialidade mais abrangente e que melhor vê o doente na sua totalidade”.
Helena Pinho garantiu que “têm entrado novos internistas todos os anos” no hospital de Viseu.
Questionada sobre o “comprometimento da atividade assistencial aos doentes internados ao cuidado do Serviço de Medicina Interna, que tem registado persistentemente taxas de ocupação bem acima dos 100%”, como alegam os médicos que se demitiram, a diretora clínica esclareceu que “o médico que está na urgência não está a tratar dos doentes do internamento”.
“A urgência todos os dias tem gente diferente de todas as especialidades e tem que ter um chefe daquela equipa”, sublinhou, acrescentando que isso “não tem nada a ver com o que se passa na enfermaria, porque têm a residência interna”, ou seja, médicos que estão de serviço às enfermarias.
Na carta de demissão, os médicos queixavam-se de as decisões da direção clínica terem sido tomadas “sem discussão prévia, nem acordo do Serviço de Medicina Interna”.
“A gestão da articulação dos cuidados, na lei de gestão, é da minha responsabilidade, não é da deles”, respondeu Helena Pinho, contando que “as reuniões começaram a decorrer em dezembro” e, como não chegavam a acordo, não podia “protelar indefinidamente questões que têm de ser resolvidas”.
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