O ataque, que aconteceu na passada noite de domingo, fez seis mortos e deixou oito pessoas feridas. Todos eles muçulmanos que tinham ido participar na última oração do dia.
"Chegaram em pânico. Estavam a rezar quando ouviram os disparos. Chegaram descalços", explica Louis-Gabriel Cloutier, gerente do café "La Boîte à Pain", que viu os sobreviventes a sair da mesquita. Cloutier estava prestes a fechar o local, mas manteve o estabelecimento aberto perante a gravidade dos acontecimentos.
Um homem muçulmano, que, por costume, reza numa outra das dez mesquitas que existem em Quebeque, aproxima-se com um semblante sério do perímetro de segurança. "Conheço as pessoas que estavam lá dentro. Nunca imaginei que algo assim poderia acontecer".
O mayor de Quebeque, Régis Labeaume, de lágrimas nos olhos, confessa-se com dificuldades em exprimir o que sente."Quero expressar a minha indignação perante este ato infame", disse. "Nenhum ser humano deveria pagar pela sua raça, cor, orientação sexual ou a sua crença religiosa".
Apesar do sentimento de revolta, Labeaume tenta acalmar a dor de milhares de muçulmanos. "São os nossos vizinhos, os nossos cidadãos e cidadãs", afirma. "Vou dizer-lhes que os amamos", promete o mayor, que planeia receber uma delegação de representantes da comunidade islâmica ainda esta segunda-feira.
Cabeças de porco, incêndios e agora um atentado
Apesar de ser uma província considera por todos como pacífica - à semelhança, aliás, de todo o Canadá - nos últimos anos, os incidentes envolvendo a comunidade islâmica aumentaram no Quebeque. O véu usado pelas mulheres muçulmanas esteve no centro do debate nas eleições de 2015, especialmente nesta província onde a maior parte da população defendia que fosse banido em cerimónias oficiais.
Em 2013, a polícia investigou um ataque a uma mesquita em Saguenay, a cujas paredes foi atirado sangue de porco. Em Ontario, foi ateado fogo a uma mesquita no dia a seguir aos ataques de novembro de 2015 em Paris.
Zebida Bendjeddou, membro do Centro Cultural Islâmico da Cidade do Quebeque, cuja mesquita foi ontem atacada, revelou que o centro tem recebido ameaças. "Em junho colocaram uma cabeça de porco na entrada da mesquita. Mas pensámos: 'são incidentes isolados'. Não levámos a sério. Mas esta noite esses incidentes isolados passaram a ter outro alcance".
O ataque acontece no momento em que o Canadá promete abrir as portas aos muçulmanos e refugiados, depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter assinado um polémico decreto que suspende a entrada dos refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos, o que provocou o caos nas viagens e indignação no mundo.
Seis pessoas morreram e oito ficaram feridas na noite de ontem, na cidade canadiana de Quebeque, mas o primeiro-ministro, Justin Trudeau, manteve o apelo: "A diversidade é nossa força e, como canadianos, a tolerância religiosa é um valor que prezamos".
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