A informação analisada pelos peritos daquela agência especializada das Nações Unidas confirmou também que o degelo e o derretimento da neve e dos glaciares estão a aumentar o risco de inundações.

“Os glaciares e a camada de gelo estão a recuar diante dos nossos olhos”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, esclarecendo que esta situação está relacionada com a subida das temperaturas, uma vez que uma atmosfera mais quente retém mais humidade.

A presença de mais humidade na atmosfera leva, de acordo com a OMM, a crescentes episódios de chuva intensa e inundações, mas também a uma maior evaporação, significando que os solos secam rapidamente e geram secas mais extremas.

“A grande maioria das catástrofes está relacionada com a água, razão pela qual a gestão e a monitorização dos recursos hídricos estão no centro da iniciativa mundial de alerta rápido para todos”, disse o responsável da organização, que reúne os conhecimentos e as informações recolhidas pelos gabinetes meteorológicos nacionais de todo o mundo.

Apesar destes riscos, a OMM argumentou que se sabe “muito pouco” sobre o estado real das fontes de água doce e que a falta de medidas não permite uma ação rápida e eficaz.

A organização defendeu a necessidade urgente de melhorar a partilha de dados, a colaboração entre países e a avaliação e financiamento dos recursos hídricos, que devem ser vistos pelos governos como um investimento para permitir que as suas sociedades enfrentem extremos de excesso ou escassez de água.

O relatório contém igualmente informações sobre outras variáveis hidrológicas, como as águas subterrâneas, a evaporação, os caudais, o armazenamento terrestre de água, a humidade do solo, a criosfera (água congelada), os caudais dos reservatórios e as catástrofes hidrológicas.

Petteri Taalas adiantou ainda que foi selecionado um grupo de países para uma ação prioritária de alerta precoce, sendo que todas estas nações foram atingidas por grandes inundações ou secas em 2022, mas que não dispunham de dados hidrológicos adequados para orientar as decisões políticas.

Segundo a ONU, 3,6 mil milhões de pessoas não têm atualmente acesso adequado à água pelo menos um mês por ano e prevê-se que este número aumente para mais de cinco mil milhões até 2050.