Num mundo ideal, os cidadãos teriam de pagar em impostos um quarto do salário que recebem?
Num mundo ideal, provavelmente nem um quarto.
Se tivesse de escolher, e tem mesmo de optar, a União Europeia devia fazer uma aliança comercial com a China ou com os Estados Unidos?
Bom, se a resposta não tivesse de ser objetiva, diria que era o acordo comercial que mais interessasse na defesa dos interesses de Portugal. Creio que no quadro das nossas relações históricas, sem descurar a China, naturalmente com os Estados Unidos. Ou prioritariamente com os Estados Unidos.
Acredita que é possível travar as alterações climáticas na legislatura europeia que agora começa?
Se não for possível travá-las em definitivo, pelo menos, estancá-las.
Nos Censos de 2021 o INE devia ou não incluir uma pergunta sobre a origem étnica, as raízes, das pessoas?
Creio que não. Somos todos, independentemente da nossa etnia, parte da... Sou contra essa segregação.
A União Europeia deve ter um exército próprio?
Não. Isso é uma velha questão, desde a Europa a seis. Na minha opinião, não deve ter um exército único, mas sim um claro reforço da cooperação em termos da defesa da própria Europa.
Se não é o presidente que manda nisto tudo, e dizem-nos que não é, o que está a tornar tão difícil chegar a um consenso sobre quem serão os presidentes das diversas instituições da União Europeia?
Bom, penso que é preciso ter alguma tolerância, e eu tenho-a, sinceramente, atendendo a exemplos que vemos em vários países, que demoram tanto tempo a instituir o seu próprio governo, o que dizer de um governo de uma Europa a 28. De modo que acho que devemos ter tolerância e alguma compreensão para esse facto.
Qual foi a primeira coisa que fez quando chegou a Estrasburgo?
[Riso] Foi, com um amigo, ir matar a fome que trazia. Porque cheguei, vim pela fronteira alemã, e já cheguei a Estrasburgo por volta das onze da noite, de modo que foi mesmo a primeira coisa que fiz. E, naturalmente, no outro dia assistir à sessão inaugural do Parlamento Europeu, que foi uma grande honra para mim.
Descreva a última vez que se irritou.
Ahhhh, não posso. Não posso, está em segredo de justiça. Interiormente... Não posso. Mas, de resto, tenho uma grande disponibilidade e uma grande facilidade para me irritar, para me zangar - tenho, porventura, um rosto fechado e, dizem todos quantos trabalharam comigo, essa facilidade de pôr na mesa as minhas convicções. Mas tanto me zango, como a seguir sou capaz de sorrir.
Tem alguma comida de conforto?
Em Portugal? Eu sou claramente um homem apreciador, mas muito conservador - não politicamente, como bom social-democrata. Reconheço isso, assumo isso, tenho esse defeito, não é por aí uma grande qualidade. Sou um grande apreciador da tradicional comida portuguesa: um bom cozido à portuguesa é, seguramente, o meu prato favorito.
Alguém merece ter cem milhões de euros?
Convenhamos que é uma quantia muito grande. Mas, se for fruto do seu trabalho, de uma forma organizada e séria, inovadora e com espírito de conquista dos mercados, pode merecer.
Afinal, da esquerda à direita, os deputados europeus não são tão diferentes como poderíamos pensar. A maioria acredita mesmo que não pagamos demasiados impostos, é contra um exército europeu, prefere os EUA à China, admite irritar-se com facilidade e é bom garfo. Ainda assim, há diferenças. Estas foram as respostas de Álvaro Amaro, mas o eurodeputado do PSD não foi o único a responder. Saiba mais aqui.
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