Um relatório confidencial obtido pela AP demonstra que o número de crianças migrantes sob custódia governamental mais do que duplicou nos dois últimos meses.
O documento indica ainda que apenas nesta semana a administração do Presidente democrata Joe Biden forneceu abrigo a 21.000 jovens, desde crianças pequenas a adolescentes.
Uma instalação em Fort Bliss, um quartel do exército norte-americano em El Paso, Texas, concentrava na segunda-feira mais de 4.500 crianças.
Procuradores, advogados e peritos em doenças mentais indicaram que enquanto alguns dos abrigos são seguros e fornecem cuidados adequados, outros estão a pôr em risco a saúde e segurança das crianças devido à ausência de acompanhamento.
“Regressámos praticamente ao ponto de partida, no qual o Governo usa o dinheiro dos impostos para construir grandes centros de acolhimento para crianças, em vez de usar esse dinheiro para encontrar formas mais rápidas para juntar as crianças às suas famílias”, considerou a advogada Luz Lopez, do Southern Poverty Law Centre, com sede em Montgomery, estado de Alabama, citada pela AP.
Um porta-voz do Departamento de saúde e serviços humanos dos EUA assegurou que o pessoal do departamento e os contratados estão a trabalhar intensamente para manter seguras e saudáveis as crianças sob sua custódia.
Alguma das atuais práticas são similares às que foram criticadas pelo Presidente Joe Biden e outros durante a administração de Donald Trump, incluindo a ausência de medidas para identificar os jovens migrantes.
Em simultâneo, registos de tribunais indicam que a administração Biden está a promover diversos processos judiciais que podem atingir milhões de dólares para provar que as crianças migrantes foram vítimas de abusos nos abrigos no período em que Trump permaneceu na Casa Branca.
Um vetor do plano governamental para controlar os milhares de crianças que atravessam as fronteiras entre os EUA e o México inclui cerca de uma dezena de abrigos construídos de emergência e sem licença no interior de instalações militares, estádios e centros de congressos, que evitam os regulamentos estatais e não requerem inspeções legais.
Os republicanos têm acusado Joe Biden de encorajar milhares de migrantes, muitos deles menores não acompanhados, a tentarem entrar nos EUA, ao relaxar as políticas migratórias de Trump (republicano).
Joe Biden tem argumentado que o aumento do fluxo migratório já tinha começado antes da sua entrada na Casa Branca.
De acordo com dados publicados em finais de março, mais de 15 mil menores desacompanhados estavam sob a custódia das autoridades norte-americanas, mas atualmente serão pelo menos o dobro.
Entre estes menores, quase 5.000 permaneciam então em instalações junto da fronteira que não reuniam as condições adequadas para acolher crianças e jovens.
Na ocasião, Joe Biden encarregou a gestão deste difícil e sensível dossiê à vice-Presidente norte-americana, Kamala Harris.
“Estou a dar-lhe uma tarefa difícil”, disse Biden durante uma reunião na Casa Branca, com a vice-Presidente ao seu lado.
“[Kamala Harris] concordou em liderar este esforço diplomático”, acrescentou, referindo-se às conversações com o México, mas também com os países da América Central de onde são oriundos a maior parte dos menores que tentam alcançar o território norte-americano.
Em resposta, a vice-Presidente norte-americana afirmou: “É inegável que esta situação representa um verdadeiro desafio”.
A administração norte-americana democrata tem desde então recusado usar a palavra “crise” para descrever a situação na fronteira.
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