Mensagens como “Vitória para Maomé, vitória para o Islão e morte para a França” e uma montagem representando o Presidente francês, Emmanuel Macron, vestido de porco foram exibidas em vez da página inicial de associações de aposentados e lojas ou pequenas prefeituras.
Outros portais exibiam em letras verdes a mensagem “Operação lançada por ‘hackers’ muçulmanos contra a França por insultar o profeta Maomé e profanar publicamente o Islão”.
Contactada hoje pela AFP, uma fonte policial indicou desconhecer a existência de queixas, considerando isso, porém, “como uma questão de tempo”.
O dispositivo nacional de assistência às vítimas de vigilância cibernética já tinha lançado o alerta no dia anterior na rede social Twitter.
Nesse sentido, indicando que uma “onda de ataques cibernéticos desfigurados” tinha como alvo “muitos portais franceses”.
“O trânsito [na rede] explodiu na noite de domingo na nossa plataforma”, disse à AFP o gestor do portal cybermalveillance.gouv.fr, Jérôme Notin, entidade que aconselha as vítimas desse tipo de comportamento.
Os editores dos portais podem proteger-se contra os ataques, realizando atualizações técnicas, explicou.
“Várias dezenas de portais, talvez 100, foram afetados”, disse Gérôme Billois, especialista em segurança cibernética da Wavestone, em declarações à AFP.
“O objetivo é uma mensagem política clara”, observou, lembrando uma onda de ataques semelhantes que afetou mais de 1.000 portais franceses após os ataques de janeiro de 2015.
Os “ataques de desfiguração de baixo nível” são realizados automaticamente por meio de um ‘software’ que deteta e explora falhas em servidores e portais.
“O que os atacantes procuram é chegar a muitos portais para que possamos começar a falar sobre eles”, disse Billois.
“Este ligeiro pico de desfiguração deve ser colocado em perspetiva e desvalorizado”, disse a Agência Nacional para a Segurança dos Sistemas de Informação (Anssi) francesa.
“Este fenómeno costuma ocorrer no contexto de notícias políticas ou sociais sensíveis. É um tipo de ataque pouco sofisticado, que visa apenas desestabilizar a opinião pública”, acrescentou, numa declaração à AFP.
Quarta-feira passada, o discurso do Presidente francês durante uma homenagem nacional ao professor decapitado num ataque islâmico em 16 de outubro por mostrar caricaturas do profeta Maomé na sala de aulas gerou revolta no mundo muçulmano.
Macron prometeu nomeadamente que a França continuará a defender a publicação das caricaturas em nome da liberdade de expressão.
Hoje, o Presidente turco, Recep Erdogan, exortou ao boicote aos produtos franceses, depois de questionar a “saúde mental” do seu homólogo francês duas vezes neste fim de semana.
Sobre as caricaturas, o principal interlocutor dos poderes públicos franceses para o Islão, Mohamed Moussaoui, presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), considerou hoje que os muçulmanos em França “não são perseguidos” e explicou que a lei “não obriga a gostar dessas caricaturas, dá até o direito de odiá-las”.
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