Para além da celebração do Dia dos Açores, a região, com as suas imensas ligações à religião, também celebra as festas do Espírito Santo em todas as ilhas, com maneiras próprias, mas todas com momentos de partilha e amor, fazendo por esquecer, mesmo que momentaneamente, o que nos divide como pessoas de uma Região livre e que têm liberdade para pensar e agir como acontece em democracia.
O Dia da Região Autónoma dos Açores foi instituído pelo parlamento açoriano em 1980, através do Decreto Regional n.º 13/80/A, de 21 de agosto, para recordar a Açorianidade e a Autonomia. O parlamento açoriano consagrou esta data com a seguinte frase: "afirmação da identidade dos açorianos, da sua filosofia de vida e da sua unidade - base e justificação da autonomia política que lhes foi reconhecida e que orgulhosamente exercitam" (pode-se ler no preâmbulo do Decreto Regional n.º 13/80, de 21 de agosto). Esta comemoração, estende-se a todos os grupos de açorianos espalhados pelo mundo.
Em 2023, as comemorações do Dia da Região tiveram lugar na ilha do Pico, no conselho das Lajes, onde o Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou que a autonomia política é a resposta para “construir o progresso”, mas sublinhou que tal não pode ser um “fator de desresponsabilização do Estado”, ou seja, do Governo da República.
“Um governo prestigia-se por ser justo, por olhar a dimensão do seu território, povo e economia. O silêncio não é uma opção. Reclamamos por ser justo. Exigimos, porque há a obrigação de apoiar, que não está a ser assumida. A responsabilização exige respostas a estas situações que nos afetam e com as quais não nos podemos conformar”, sustentou o governante, falando na sessão que decorreu no município das Lajes do Pico.
Para além de celebrado do Dia da Região, é também celebrado o 'Dia da Pombinha', a segunda-feira do Espírito Santo. Com celebrações pelas ilhas todas do arquipélago.
Na ilha do Pico, Cristina Chú, em entrevista à LUSA, coordenou uma equipa de voluntários ligados à Filarmónica das Lajes do Pico. Foram preparadas 600 refeições para servir à população, entre carne assada, arroz-doce e as tradicionais sopas do Espírito Santo.
Tal como Chú no Pico, nas outras ilhas a tradição segue os mesmos toques. As tradicionais sopas do Espírito Santo reúnem os milhares de habitantes de cada ilha para comer e beber. No Pico, ao todo, foram servidos cerca de 600 quilos de carne nas sopas e 20 quilos de arroz-doce. A equipa que trabalhou ao longo do dia de ontem preparou a sobremesa, a carne assada e deixou os ingredientes prontos para as sopas, que vão ser confecionadas por outra equipa de cinco pessoas que entrou ao serviço às 03h da manhã.
“As pessoas aqui trabalham com muito voluntariado neste tipo de instituições. Quer nas filarmónicas, quer nos impérios que organizam os Espírito Santo. Neste caso, temos um grupo de amigos que se junta neste tipo de trabalhos”, explica Luís Teixeira à LUSA.
O farmacêutico, natural do continente, mas a viver no Pico há 10 anos, destaca o “acolhimento” das pessoas, visível pelas Festas do Espírito Santo, que são organizadas pela população: "Lá no continente temos festas tradicionais, mas esta tradição do Espírito Santo é completamente diferente. É uma vivência única aqui dos Açores”.
*Com Lusa.
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