Tendo tomado conhecimento das declarações feitas no programa televisivo “Goucha”, da TVI, no dia 06 de outubro, e ouvida a Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, o bispo diocesano “determinou a realização de uma investigação para averiguar da credibilidade da denúncia” e deu conhecimento ao Ministério Público da Comarca de Faro,” indicou a diocese em comunicado.
A investigação foi noticiada hoje pelo jornal Observador, recordando que o caso foi exposto no programa televisivo por uma alegada vítima que, aos 09 anos de idade, foi parar à Casa dos Rapazes, uma instituição particular de solidariedade social situada na cidade de Faro, onde alegadamente terão ocorrido episódios de abusos sexuais.
“Nem antes nem depois da emissão do programa televisivo da TVI ‘Goucha’ chegou à Diocese do Algarve qualquer denúncia deste ou de qualquer outro caso de abusos”, notou aquela entidade, acrescentando que pelas afirmações feitas no referido programa o caso terá ocorrido há mais de 30 anos.
A diocese assinala que o sacerdote sobre o qual recaem as suspeitas se colocou “de imediato à disposição para esclarecer o assunto”, tendo já sido estabelecido um primeiro contacto com a alegada vítima.
“Sendo o participante no programa televisivo e alegada vítima desconhecido, não dispunha a diocese de qualquer contacto seu. Todavia, tendo presente as informações colhidas no programa, foi possível, unicamente por iniciativa da Diocese do Algarve, obter o seu contacto e estabelecer um primeiro encontro com ele”, lê-se no comunicado.
Sobre a instituição referida no programa e onde os abusos terão ocorrido, é referido que a mesma “não tem, nem nunca teve, qualquer ligação à Diocese do Algarve e à Igreja Católica”.
A diocese assegura que está “a fazer tudo para apurar a verdade” e pede que “seja preservado o bom nome dos intervenientes, lembrando que “todos têm direito à presunção de inocência e devem gozar do bom nome no espaço público, sem prejuízos atentatórios das pessoas e das instituições”.
A agência Lusa contactou hoje a Procuradoria-Geral da República no sentido de saber se tinha sido aberto algum inquérito ao caso, mas até ao momento não recebeu qualquer resposta.
Em 11 de novembro, os bispos portugueses anunciaram a criação de uma comissão nacional para reforçar o atendimento dos casos de alegados abusos sexuais e o seu acompanhamento a nível civil e canónico.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) referiu na decisão que a comissão, que integra um conjunto de pessoas leigas e "algumas não católicas", irá "reforçar e alargar o atendimento dos casos [de abusos sexuais] e o respetivo acompanhamento a nível civil e canónico e fazer o estudo em ordem ao apuramento histórico desta grave questão”.
O presidente da CEP, José Ornelas, disse no final da reunião, em Fátima, que os bispos não receiam a investigação sobre abusos sexuais na Igreja.
Segundo a CEP, a "Igreja [Católica] continua a enfrentar esta questão com seriedade, quer quanto ao apoio e acolhimento das vítimas, quer quanto à prevenção e formação”, e reconhece o “trabalho das comissões diocesanas, constituídas especialmente por leigos qualificados em várias áreas como o Direito, a Psiquiatria e a Psicologia”.
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