“Continuamos com três problemas bicudos [desde o último ano] que é falta de gente, médicos, enfermeiros e assistentes operacionais, material obsoleto que tem de ser substituído e isto num hospital que está subfinanciado. Há máquinas estragadas e não foram substituídas”, disse Moreira da Silva que não precisou o número nem que tipo de equipamentos estão parados, mas enumerou serviços como urologia, cirurgia plástica e neurocirurgia.
O CHVNG/E é uma unidade hospitalar onde no ano passado 52 diretores clínicos ameaçaram demitir-se em várias ocasiões e que está desde abril a ser liderada provisoriamente por José Pedro Moreira da Silva, após a saída do anterior presidente do conselho de administração, António Dias Alves.
Hoje, em declarações aos jornalistas após uma visita e reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos (OE), Miguel Guimarães, o diretor clínico disse, quanto às obras do hospital que estão em curso que a empreitada no serviço de radiologia e de uma enfermaria com 25 camas para a urologia estará pronta no final de agosto, enquanto se estima que o serviço de urgência que deve estar pronto em fevereiro/março do ano que vem.
José Pedro Moreira da Silva disse que o plano geral de obras tem várias fases, lembrando que a terceira continua sem financiamento garantido.
“Estamos a terminar os projetos e vamos ouvir os diretores de serviço para ver o que precisam. Depois entregaremos ao Ministério da Saúde um projeto definitivo que deve estar à volta dos 45 milhões de euros. O ex-ministro Adalberto Campos Fernandes disse ‘façam o projeto e nós vamos ver se há dinheiro’. Não tenho a garantia de que vão ser financiados. Ninguém deu essa certeza”, descreveu o diretor clínico.
Em 6 de maio, na cerimónia do primeiro aniversário da Unidade de Hospitalização Domiciliária do CHVNG/E, José Pedro Moreira da Silva lembrou que a unidade de saúde precisa "urgentemente de dinheiro", tendo aproveitado a presença da secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, para apelar ao Governo.
“A fase C está a arrancar e nós precisamos urgentemente do dinheiro. Pode deixar o recado”, pediu o diretor clínico à governante que, na mesma ocasião, em declarações à agência Lusa, disse que a situação das obras está a ser "obviamente analisada", frisando que “nada está esquecido”.
Esta manhã além do relato de José Pedro Moreira da Silva e de Miguel Guimarães, também alguns diretores descreveram aos jornalistas o estado dos seus serviços, tendo, o diretor de Medicina Interna, Vítor Paixão Dias, um dos 52 que ameaçou demitir-se no ano passado, dito que “é graças à excelência dos recursos humanos que este hospital ainda não entrou em colapso”.
“Temos instalações indignas para o século XXI. Temos montes de doentes internados nas enfermarias, falta de condições higiénicas e sanitárias. Os diretores não podem continuar a pactuar com esta situação”, referiu.
Armando Baptista, do serviço de Dermatologia, contou que “conta com apenas 10 médicos para uma população que para ser servida corretamente deveria ter pelo menos 20” e, entre outros exemplos, disse que “nem há marquesas para deitar os doentes”.
Por sua vez, o diretor de Cirurgia Cardiotorácica, Luís Vouga, falou em “problemas de falta de pessoal que obrigam a adiar cirurgias”, referindo que objetivo de diminuir as listas de espera “não acontece” e é “quase irreal nestas condições”.
“O caso hospital de Gaia é aberrante. O hospital de Gaia é um hospital de projetos e de promessas desde o tempo da doutora Leonor Beleza. Sou transversal a vários conselhos de administração, conheço vários projetos, mas a verdade é que nada acontece”, referiu Luís Vouga.
Por fim, Paulo Lopes, diretor da unidade que faz os meios complementares de diagnóstico e do serviço de Imagiologia, contou que “mais ou menos de 50% do serviço vai para fora, o que significa um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros em serviço exterior” e referiu que a equipa médica deveria de 24 médicos, mas é de 13.
“Temos um único equipamento de ressonância magnética. Há hospitais com dois e três. Bastaria fazer um concurso”, concluiu.
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