"Começamos hoje uma visita às zonas mais afetadas pela queda de granizo e a partir de agora vamos perceber o que se passa. Já foi emitida pelo Ministério da Agricultura uma circular de avisos, dando nota das questões mais técnicas que os agricultores possam começar a tratar das suas colheitas, em especial da vinha", disse à Lusa Carla Alves, durante a sua visita a Mogadouro, no distrito de Bragança, inicialmente prevista para segunda-feira.
A Lusa constatou no terreno que há estragos em culturas como a vinha, olival, soutos, hortas, árvores de frutos e lameiros que ficaram destruídos com o temporal, tendo os agricultores apontado perdas "na ordem dos 80% da produção", em aldeias como Tó, Peredo de Bemposta, Lamoso e Bemposta.
"A circular de avisos já foi entregue aos presidentes das juntas de freguesia afetadas e ao presidente da câmara para que junto dos agricultores se divulguem quais os tratamentos, com os produtos aconselhados, que devem ser efetuados de imediato. Neste momento há agricultores a fazer o tratamento da vinha", concretizou a responsável pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN).
Carla Alves destaca que o país tem um sistema nacional de seguros de colheitas, havendo um financiamento por parte do Ministério da Agricultura, acrescentando que há um seguro específico para a vinha.
"Neste caso há financiamento [seguros de colheitas] que pode ir até aos 60 a 70% do seu montante", vincou a diretora regional de Agricultura.
A responsável pela DRAPN adiantou que também é necessário avaliar danos em estruturas como muros, armazéns e outros equipamentos de apoio à agricultura.
"Estas estruturas não estão cobertas pelos seguros e temos de perceber, em conjunto com os nossos técnicos, para se fazer uma declaração de prejuízos para alem das colheitas", frisou Carla Alves.
A responsável garante que as peritagens aos danos causados pela chuva e granizo serão efetuadas o mais "rapidamente possível".
Por seu lado, os agricultores lamentam que em muitos casos não é possível fazer seguros de colheitas devido ao sistema de minifúndios existente na maioria das propriedades.
"Não é possível fazer seguros de colheitas, porque são caros e na maioria dos casos não compensa, já que se trata de pequena agricultura", enfatizou Luís Pedro Ruano, um jovem agricultor de Tó.
Por seu lado, Virgílio Marcos, visivelmente emocionado, relatou à Lusa que as culturas estão muito afetadas e que os prejuízos são grandes.
"Já investi em cinco caldas [tratamentos] na vinha e vou ter de lhe fazer mais duas ou três ou as que forem necessárias, o que acarreta muita despesa para ter tão pouco e estar todos os dias a trabalhar", lamentou o agricultor.
O presidente da Câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, já tinha avançado que são "muito avultados" os prejuízos no concelho, provocados por trovoada, chuva e granizo, durante a tarde de sábado.
No terreno era notório o desalento dos pequenos agricultores, bem como as perdas das suas colheitas.
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