Em conferência de imprensa, em que esteve presente o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, o diretor clínico demissionário explicou que a sua “grande angústia” é ter um hospital “parcialmente destruído”, com uma estrutura antiga, com mau funcionamento e com falta de instalações e espaços adequados para acolher e tratar os doentes.

A título de exemplo, José Pedro Moreira da Silva avançou que o serviço de urologia tem uma enfermaria com 16 camas onde a única casa de banho fica fora deste local, a ortopedia tem 22 camas para uma casa de banho e a cirurgia para homens tem 34 camas para apenas uma casa de banho.

Além desta questão, o diretor demissionário contou que o hospital anda “sempre atrapalhado” com pedidos de compras e materiais porque o financiamento é baixo.

A falta de pessoal, não só de médicos, mas de enfermagem e auxiliares é outro dos problemas apontados pelo profissional, dizendo que a medicina interna funciona com duas auxiliares para 20 camas, o que é “manifestamente pouco”.

“Assim, é impossível trabalhar, não dava mais”, vincou.

Assinalando também uma “carência e degradação” na sua unidade, o diretor de cirurgia geral, Jorge Maciel, considerou que é “hora de levantar a voz” porque “não dá mais” para trabalhar nas atuais condições.

O clínico revelou que existem buracos no chão, há humidade nas paredes e que a distância entre camas é insuficiente e não cumpre o estipulado.

Na sua opinião passaram o que era “tolerável e admissível”.

Com queixas idênticas, o diretor de serviço de Imagiologia, Pedro Portugal, assumiu sofrer diariamente com problemas de equipamentos, capital e recursos humanos.

Sendo uma área tecnológica, o profissional de saúde referiu que as máquinas são “importantíssimas”, estando o serviço à espera há imenso tempo de um angiógrafo, compra que nunca se concretizou.

Partilhando dos problemas dos colegas demissionários, o diretor de serviço de Cardiologia, Pedro Braga, denunciou a “sistemática” falta de vagas e capacidade financeira para realizar cirurgias e fazer face ao aumento do número de doentes e à complexidade das doenças.

“Temos uma lista de espera grave e que nos sistematicamente adiamos por falta de verbas e por falta de camas e a administração sabe disso”, concluiu.