O que é exatamente a JMJ?
A JMJ, um evento da Igreja Católica, é simultaneamente uma peregrinação e uma festa da juventude, "determinada em construir um mundo mais justo e solidário".
A JMJ foi instituída por João Paulo II, em 1985, e desde então tem-se evidenciado como um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas por todo o mundo.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou por Buenos Aires (Argentina, 1987), Santiago de Compostela (Espanha, 1989), Czestochowa (Polónia, 1991), Denver (Estados Unidos, 1993), Manila (Filipinas, 1995), Paris (França, 1997), Roma (Itália, 2000), Toronto (Canadá, 2002), Colónia (Alemanha, 2005), Sidney (Austrália, 2008), Madrid (Espanha, 2011), Rio de Janeiro (Brasil, 2013), Cracóvia (Polónia, 2016) e Cidade do Panamá (Panamá2019).
Quando acontece a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa?
A JMJ Lisboa 2023 vai realizar-se entre os dias 1 e 6 de agosto desse ano. Foi a 27 de janeiro de 2019, no Panamá, que foi divulgada a escolha da cidade de Lisboa pelo Papa Francisco para acolher a próxima Jornada Mundial da Juventude, inicialmente prevista para 2022 — mas adiada devido à pandemia.
Quantos jovens são esperados?
São esperados cerca de um milhão de jovens de todo o mundo, naquele que é já considerado "o maior evento em Portugal nos últimos 20 anos".
Além disso, para o período da JMJ, a organização conta ter entre 20.000 e 30.000 voluntários, para acompanharem os mais de um milhão de jovens que se vão distribuir, em termos logísticos, pelas dioceses de Lisboa, Setúbal e Santarém.
Quando abrem as inscrições?
Prevê-se que as inscrições para a JMJ Lisboa 2023 abram até ao final do mês de outubro. Todas as informações sobre o processo estarão disponíveis no site oficial do evento.
D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, afirmou em agosto que as inscrições vão estar disponíveis para jovens entre os 14 e os 30 anos, mas dessa faixa etária para a frente "estão todos convidados" — há momentos que vão ser abertos a toda a população e quem pretender pode também inscrever-se como voluntário.
Quanto é que cada peregrino vai pagar pela inscrição?
Em Fátima, no Encontro Preparatório Internacional para a Jornada Mundial da Juventude, foram divulgados os primeiros valores para os peregrinos, incluindo alimentação, alojamento, transportes, seguro e Kit JMJ:
- 235€ para os peregrinos que participam no evento entre os dias 1 e 6 de agosto;
- 125€ para os peregrinos que participam apenas durante o fim de semana.
Na ocasião, Duarte Ricciardi, secretário-executivo do Comité Organizador Local da JMJ 2023, referiu que vai ser aplicado um desconto de 10% para as inscrições que chegarem até 31 de dezembro e quem se inscrever até 15 de março vai ter 5% de desconto.
Contudo, foram entretanto divulgadas outras modalidades para os peregrinos que pretendam participar na JMJ, com valores que vão dos 50€ aos 255€:
Os voluntários também pagam?
Sim. Segundo a organização, o valor máximo vai ser de 145€ para os voluntários que trabalham duas semanas no evento. À semelhança dos peregrinos, este valor inclui alimentação, alojamento, transportes, seguro e Kit JMJ.
Contudo, existem outras modalidades para os voluntários:
É possível ir aos eventos principais sem estas inscrições?
Sim. A organização da JMJ refere que "a participação dos peregrinos na JMJ é gratuita, o que significa que cada pessoa pode participar livremente nos eventos centrais (Missa de Abertura, Acolhimento do Papa, Via-Sacra, Vigília com o Santo Padre e Missa de Envio).
Desta forma, "para peregrinos não inscritos, estarão disponíveis setores específicos".
Contudo, "por razões logísticas e de segurança, e também para ajudar a cobrir os custos organizativos, todos os interessados são convidados a inscreverem-se na JMJ e a pagar a contribuição de participação".
Duarte Ricciardi reforça que "o acesso à JMJ é sempre gratuito para todas as pessoas. À semelhança do que acontece em todas as Jornadas, o COL organiza e disponibiliza opções de pacotes para que os peregrinos se possam inscrever e aceder a um conjunto de serviços, como alojamento, alimentação, transporte e segurança e o kit do peregrino".
Onde é que os peregrinos inscritos vão dormir?
De acordo com a informação divulgada, "os participantes que escolham um pacote com alojamento incluído serão alojados em casas de família, pavilhões, escolas, ginásios, entre outros espaços coletivos".
Nesse sentido, "cada participante deve trazer um saco-cama (saco de dormir) e um colchonete (de viagem)".
"A identificação dos alojamentos e espaços de acolhimento está neste momento a decorrer nas três Dioceses que irão acolher peregrinos nesta Jornada Mundial da Juventude: Lisboa, Setúbal e Santarém", informa ainda a JMJ.
Por isso, "a localização exata do alojamento de cada grupo será determinada mais tarde, consoante o decorrer do processo de inscrições".
Por outro lado, "os grupos de participantes que optarem por um pacote sem alojamento incluído terão de organizar-se da maneira que melhor se adapte às suas necessidades".
É ainda referido que "na noite de 5 para 6 de agosto de 2023, após a Vigília, todos os peregrinos pernoitarão ao ar livre no local da celebração. Também aqui, cada participante deverá levar consigo um saco-cama (saco de dormir) e um colchonete (de viagem)".
O que inclui o kit do peregrino?
Ainda não foi partilhada a composição do kit, mas sabe-se "que incluirá produtos oficiais JMJ Lisboa 2023 e terá em conta o modelo de todas as JMJ".
A organização refere ainda que "os kits do peregrino serão distribuídos nas paróquias de acolhimento onde os peregrinos ficam alojados".
"Para todos aqueles que não optem pela inscrição com a modalidade de alojamento incluído, ou que cheguem a Lisboa à última da hora, os seus kits de peregrino poderão ser levantados no Centro de Acolhimento ao Peregrino", é explicado.
O que está previsto ao nível da alimentação?
Vai ser utilizado "um sistema misto no que diz respeito aos pontos de alimentação", ou seja, "poderão ser utilizadas áreas da própria JMJ Lisboa 2023 e restaurantes ou outros pontos de alimentação de parceiros externos".
"Para permitir uma utilização tranquila em todos os pontos de alimentação, está a ser desenvolvido um sistema que permita aos peregrinos levantarem e/ou efetuarem a sua refeição independentemente do parceiro escolhido", é ainda referido.
Segundo a organização, a "cozinha portuguesa será um dos pontos centrais nas ementas" e vai procurar-se "abarcar a maior diversidade de regimes alimentares possível".
"Para peregrinos com alergias alimentares, e não sendo possível garantir individualmente uma dieta adaptada a todos, estamos a tentar construir opções que não contenham na sua composição os principais alergénios", é ainda referido.
Como vai ser realizado o transporte dos peregrinos inscritos?
Segundo a organização, "a cidade de Lisboa e as áreas que a rodeiam têm um bom sistema de transportes públicos que será peça fundamental nas deslocações durante a JMJ Lisboa 2023".
Assim, está a ser desenvolvido trabalho "com os parceiros de mobilidade no sentido de oferecer uma proposta de valor para todos os peregrinos, de forma a que a utilização de todos os meios de transporte seja fácil e tenha em consideração os picos de utilização, as opções mais ecologicamente sustentáveis e a capacidade instalada na cidade".
Vão ser prestados cuidados de saúde ao longo do evento?
Sim, "nos principais locais de dormida, no local das Catequeses e nos diversos locais de eventos, de acordo com a dimensão dos mesmos".
Desta forma, vão existir "tendas de primeiros socorros, estruturas de apoio médico e de enfermagem" em alguns pontos e, "nalguns casos mais específicos, vão existir 'hospitais da Jornada' com apoio diferenciado em articulação com as entidades nacionais".
É ainda referido que estão a ser preparadas "equipas de voluntários que estarão nos diversos sectores a prestar apoio, evitando que os peregrinos se desloquem" nos Eventos Centrais.
Quanto à pandemia, a organização lembra que "esta JMJ é a primeira Jornada pós Covid-19".
"Neste sentido, e ao longo da preparação da JMJ Lisboa 2023, continuamos a acompanhar a situação epidemiológica em articulação com as autoridades nacionais de saúde pública", é frisado.
Que espaço está a ser preparado para acolher a JMJ?
A JMJ decorrerá na zona do Parque das Nações, em Lisboa, abrangendo também parte de território do concelho de Loures.
No início de julho, Laurinda Alves, vereadora da Câmara de Lisboa, assegurou que as obras necessárias tiveram início a 1 de junho e vão estar concluídas dentro dos prazos.
Os trabalhos de requalificação urbanística do terreno estão orçados em cerca de 6,9 milhões de euros e deverão estar concluídos dois meses antes do início das JMJ, apesar do atraso inicial, devido à pandemia.
As obras contemplam a reabilitação e requalificação dos terrenos onde funcionou o aterro de Beirolas, no Parque das Nações —será num ponto mais alto deste espaço que será montado o palco onde o Papa falará aos jovens presentes no evento.
Do lado de Lisboa, além da requalificação dos terrenos do antigo aterro, está também prevista a construção de uma ponte ciclável e pedonal que ligará a zona ribeirinha da capital com Loures, que deverá estar concluída em outubro deste ano, num investimento de cerca de quatro milhões de euros.
Será também construída uma segunda ponte, com capacidade para o atravessamento de veículos, não existindo para já uma previsão para o início dos trabalhos e conclusão.
Além do Parque Tejo-Trancão, na zona do Parque das Nações, existem outros locais já pensados para acolher eventos da JMJLisboa2023, nomeadamente o Parque Eduardo VII, Alameda, Belém e Terreiro do Paço, em Lisboa, e também no concelho de Cascais, onde está prevista a realização de um encontro reservado entre o Papa Francisco e voluntários.
Qual vai ser o investimento de Lisboa neste evento?
Numa visita realizada a semana passada à sede da JMJ, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), adiantou que o investimento da autarquia “pode ir até aos 35 milhões de euros”. Contudo, as contas só serão feitas em concreto no final.
Do lado do Governo, é estimado um gasto de 36,5 milhões de euros na organização da Jornada Mundial da Juventude.
E quanto à segurança do evento?
A PSP informou já que vai estar atenta à chegada de grupos criminosos europeus e ao aumento de carteiristas, traficantes e outros criminosos durante a Jornada Mundial da Juventude.
“Estamos a pensar como fizemos com a Cimeira dos Oceanos, trazer a Europol e a Interpol, com os seus oficiais de inteligência. Também iremos trabalhar com as comissárias de Espanha, França e Itália e polícias destes países irão permanecer em Portugal nestas duas semanas”, indicou o diretor do Departamento de Operações da PSP, Pedro Moura.
Nesse sentido, já aconteceu “uma primeira reunião no Sistema de Segurança Interna (SIS) com todos os serviços de segurança que vão estar envolvidos”.
Todavia, ainda “é prematuro falar na quantidade de polícias que serão necessários” para montar um dispositivo de segurança até porque “há várias variáveis a definir”.
O que tem dito o Papa Francisco sobre a Jornada?
Em março, o Papa deixou uma mensagem aos jovens que preparam a Jornada Mundial da Juventude 2023.
"Estou a olhar para Portugal, estou a olhar para Lisboa, estou a olhar para Fátima, estou a olhar para o encontro de todos vocês", afirma. "E vocês, em Portugal e nos vários países, estão a trabalhar como voluntários e a olhar no mesmo sentido. E não é fácil! Não é fácil porque andamos de crise em crise", completa.
Segundo o Papa, "saímos de uma crise pandémica, entramos numa crise económica e agora estamos na crise da guerra, que é um dos piores males que pode acontecer".
Contudo, "no meio de todas estas crises", os jovens "têm de preparar e ajudar para que o evento de agosto de 2023 seja um evento jovem, um evento fresco, um evento com vida, um evento com força, um evento criativo".
"Não vivam dos rendimentos, do que se fez nos outros encontros. Vocês têm de criar o encontro. Se vocês não forem criativos, se vocês não forem poetas, este encontro não vai resultar, não vai ser original, vai ser uma fotocópia de outros encontros. E como dizia o jovem beato italiano [Carlo Acutis]: cada um de nós tem de ser original, não uma fotocópia", disse.
Já em setembro, o Vaticano divulgou a mensagem do Papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude.
"Nestes últimos tempos tão difíceis, em que a humanidade já provada pelo trauma da pandemia, é dilacerada pelo drama da guerra, Maria reabre para todos e em particular para vós, jovens como Ela, o caminho da proximidade e do encontro. Espero e creio fortemente que a experiência que muitos de vós ireis viver em Lisboa, no mês de agosto do próximo ano, representará um novo começo para vós jovens e, convosco, para toda a humanidade", começa por dizer o Papa Francisco na mensagem divulgada sobre a Jornada Mundial da Juventude.
O pontífice dirige-se diretamente aos jovens, remetendo para o tema da Jornada: "Maria Levantou-se e partiu apressadamente".
"Sonho, queridos jovens, que na JMJ possais experimentar novamente a alegria do encontro com Deus e com os irmãos e as irmãs. Depois dum prolongado período de distanciamento e separação, em Lisboa – com a ajuda de Deus – reencontraremos juntos a alegria do abraço fraterno entre os povos e entre as gerações, o abraço da reconciliação e da paz, o abraço duma nova fraternidade missionária!", apontou.
O Papa vem a Portugal?
Está previsto que o Papa Francisco visite Portugal durante a semana da JMJ, incluindo também ainda uma ida a Fátima (ainda sem data anunciada).
Devido aos problemas no joelho, tem sido questionado se Francisco marcará de facto presença no evento. Todavia, D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude, deixou, em junho, a certeza de que o Papa Francisco, apesar dos problemas de saúde, vai estar em Portugal no próximo ano.
“Não se preocupem. O Papa vem, de cadeira de rodas, de maca, de padiola, vem”, disse Américo Aguiar aos participantes nos X Workshops Internacionais de Turismo Religioso, que decorreram em Fátima.
Além disso, tem sido falado na possibilidade de renúncia por parte do Papa Francisco. Sobre o tema, o pontífice referiu, no regresso da sua ida ao Canadá, que deve reduzir o ritmo das suas viagens, mencionando inclusive a possibilidade de renunciar — mas não para já.
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