“É imperativo que a situação grave que originou a atenção mediática dos últimos dias, não se transforme em desencadeadores de racismo e xenofobia”, defendeu o CPR em nota enviada à Lusa sobre o ataque no Centro Ismaili, que provocou duas mortes.
Questionado sobre os apoios existentes aos refugiados, o CPR entende que “é sempre possível melhorar os financiamentos existentes e desta forma reforçar o trabalho de dezenas de entidades de acolhimento que, por todo o país, disponibilizam serviços às pessoas refugiadas que procuram reconstruir as suas vidas em Portugal”, mesmo reconhecendo avanços nos últimos anos em Portugal nesta matéria.
“Neste momento de choque e luto, o CPR gostaria de partilhar a sua comoção e transmitir solidariedade para com a Comunidade Ismaili. O nosso pensamento dirige-se também às famílias das vítimas e a toda a equipa, a quem desejamos força e esperança”, acrescenta o CPR.
O CPR é uma organização não-governamental para o desenvolvimento (ONGD), sem fins lucrativos, que desde 1991 apoia requerentes e beneficiários de proteção internacional em Portugal no processo de acolhimento e integração.
De acordo com o CPR, a organização apoia atualmente cerca de 450 requerentes e beneficiários de proteção internacional.
Duas mulheres foram mortas no Centro Ismaili, em Lisboa, na terça-feira, num ataque com uma arma branca por Abdul Bashir, um afegão que foi detido e que está hospitalizado após ter sido baleado pela polícia.
O ataque — cuja motivação é ainda desconhecida — fez mais um ferido, e foi condenado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.
O homicida agora detido é beneficiário do estatuto de proteção internacional e não era alvo de “qualquer sinalização” pelas autoridades.
A família de Abdul Bashir chegou a Portugal vinda da Grécia no final de 2021 com os três filhos, viviam em Odivelas e recebiam apoio e formação no Centro Ismaili, que ajuda a comunidade de refugiados em Portugal.
As vítimas mortais são duas mulheres, de 24 e 49 anos, que trabalhavam no Centro Ismaili precisamente nos serviços de apoio aos refugiados.
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) afirmou hoje que “não há um único indício” de que o ataque tenha sido um ato terrorista, admitindo ter resultado de “um surto psicótico do agressor”.
O agressor não deverá ter alta hospitalar antes de um período de 10 dias e só então haverá condições para ser submetido a interrogatório pelo juiz de instrução, acrescentou ainda o diretor nacional da PJ.
Os três filhos do agressor estão ao cuidado de uma instituição e mantêm as suas rotinas escolares, tendo o seu processo sido remetido ao Ministério Público pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Odivelas.
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