"Nos últimos dias obtivemos informações da Fundação de Serralves que nos levam a temer que possam estar a proceder a um processo de dispensa não assumido dos educadores que denunciaram os incumprimentos éticos da Fundação de Serralves", denunciam os educadores e educadoras.
Em resposta à Lusa, a FS afirmou que "nenhum dos 20 signatários do referido comunicado, nem nenhum outro prestador de serviços externo (...) foi alvo de qualquer represália ou afastado, depois de ter denunciado supostos incumprimentos por parte Fundação de Serralves".
Numa mensagem subscrita por duas dezenas de educadores, os signatários recordam que, no dia 20 de março, "na sequência da [sua] proposta (...) de desenvolverem atividades em teletrabalho, foram pedidas propostas de atividades 'online' no âmbito do Serviço Educativo a duas educadoras, e ilustrações, no âmbito do Serviço de Exposições, a duas outras educadoras, ilustradoras de formação, que atenderam às encomendas fora do contexto habitual do seu trabalho de mediação cultural na fundação".
Assegurando terem sido as propostas "desenvolvidas dentro dos prazos estabelecidos" e "aprovadas" pela FS, acusam a administração de não "as publicar nem apresentar justificação".
"Fomos agora informados que este ato censório, impedindo a publicação destas propostas dos educadores, foi diretamente ordenado pela presidente do Conselho de Administração Ana Pinho, como retaliação por terem sido feitas por pessoas que assinaram a carta de denúncia e repúdio pela atitude da Fundação de Serralves para com os seus trabalhadores externos permanentes".
Também aqui a FS apresenta uma versão diferente: "A Fundação de Serralves, os seus diretores e a sua presidente negam de forma absoluta que tenha sido dada qualquer ordem que tenha impedido a publicação ou apresentação dos trabalhos contratados como retaliação por terem sido feitos por pessoas que assinaram a carta que referem".
O BE acusou no dia 06 de abril a FS de "descartar" trabalhadores a recibo verde e questionou o Governo sobre se ia interceder junto da administração daquela instituição.
Segundo a então plataforma despedimentos.pt, criada pelo BE para denunciar abusos laborais, mais de 20 trabalhadores do Serviço Educativo (SE) Artes da FS estavam naquela data sem vencimento, depois de a administração ter recusado a realização de atividades à distância e 'online'.
Acrescentam os educadores terem sido "informados por alguns colegas da equipa, que foram contactados individualmente por telefone pela coordenadora do SE Artes, que a organização do trabalho foi profundamente alterada no que diz respeito a atividades de orientação de visitas e oficinas na exposição recentemente inaugurada da Yoko Ono.
Argumentando que em todas as exposições anteriores "toda a equipa era chamada a estar presente" nas reuniões de preparação, orientadas pelos "educadores designados para investigar e produzir um documento" sobre o evento, sendo depois "todos chamados a realizar estas atividades", os signatários informaram que, para esta mostra, a "coordenação contactou apenas quatro dos 25 educadores", informando-os de "que seriam os únicos a participar na reunião e a realizar atividades até ao seu encerramento".
"Na prática resulta no afastamento de 21 educadores, sem que este lhes seja sequer comunicado, nomeadamente as duas educadoras que foram pagas pela FS para orientar esta formação à equipa", denunciam.
Na contra-argumentação, a FS reiterou que, à "medida que a atividade da fundação vai sendo retomada, vários prestadores de serviços externos, que prestam serviços em várias áreas, têm vindo a ser contactados por Serralves para a prestação de serviços concretos, de acordo como habitualmente acontece quando há necessidade desses mesmos serviços".
"Alguns responderam afirmativamente e outros não, de acordo com a sua vontade e disponibilidade, como é também habitua", lê-se ainda, divulgando a FS que "entre os convidados a apresentar propostas estão vários dos que assinaram a carta e que publicamente, nos últimos dias, se têm manifestado e participado em vigílias colocando em causa de uma forma completamente irresponsável e falsa a reputação e o bom nome de Serralves, apresentando argumentos falsos e ardilosos de forma a confundir a opinião pública".
Os educadores manifestaram ainda solidariedade para com "os colegas da Casa da Música, também eles alvo de uma atitude profundamente repreensível e condenável por parte da sua instituição" e apelaram ao Governo para que "atue perante as represálias e a censura destas instituições".
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