“Está reconhecido por toda a humanidade e temos que valorizar aquilo que é nosso”, destacou o líder socialista na visita a um dos produtores da aldeia no distrito de Vila Real, perante o pedido para que “alguma coisa seja feita” pela produção de olaria negra.
Querobim Rocha, de 78 anos, e desde os 10 anos ligado à arte da olaria, alertou o também primeiro-ministro que a sua terra está “muito esquecida” e que cada vez menos pessoas sabem esta arte.
António Costa, que visitou a aldeia, alguns dos seus produtores e um forno comunitário, conheceu os segredos e técnicas para a sua confeção e procurou também saber se os mais novos estão ligados já à produção do barro preto.
Apesar de o filho e o neto de Querobim Rocha já dominarem a arte, o oleiro lembrou que os mais novos devem aprender o mais cedo possível para não se perder este saber.
Também o produtor Cesário Martins, de 84 anos, e desde os nove anos ligado à arte, agora mais afastado devido a problemas de saúde, recebeu a visita do socialista e fez uma demonstração do trabalho na roda.
A pacata localidade de Bisalhães, no distrito de Vila Real, viveu um dia diferente com a visita o líder socialista, recebido por várias dezenas de pessoas ao final da manhã.
Além do passeio pela aldeia, António Costa não 'escapou' às habituais ‘selfies’ e ao contacto com a população, recebendo até várias recordações do famoso barro preto de Bisalhães.
Aproveitando a presença inédita do chefe de Governo, produtores do barro preto de Bisalhães e também o presidente da Junta de Freguesia de Mondrões, chamaram a atenção para a necessidade de preservar este património.
Satisfeito pela visita, Félix Touças, a liderar a freguesia desde 2017, referiu à agência Lusa que o líder do PS prestou “ muita atenção” não só à própria olaria mas também à aldeia.
“Está muito desertificada, mas é uma aldeia excelente para o turismo rural, e o município de Vila Real está a desenvolver em parceria com a junta de freguesia vários projetos e esperamos que se concretizem”, realçou.
O presidente da freguesia de Mondrões considera a aldeia de Bisalhães “um diamante negro por lapidar”.
Além do desenvolvimento do turismo, as preocupações de Félix Touças passam pela construção de casas de banho e criar espaço para que os autocarros turísticos possam virar dentro da aldeia.
Esta forma de olaria é considerada um ofício duro, exigente, com recurso a processos que remontam, pelo menos, ao século XVI. O processo de fabrico inclui desde o tratamento inicial que se dá ao barro até à cozedura.
As peças que nascem pelas mãos dos artesãos são depois cozidas em velhos fornos abertos na terra, onde são queimadas giestas, caruma, carquejas e abafadas depois com terra escura, a mesma que lhe vai dar a cor negra.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) inscreveu a 29 de novembro de 2016 o processo de fabrico do barro preto de Bisalhães na lista do Património Cultural Imaterial que necessita de salvaguarda urgente.
Comentários