Num artigo publicado no jornal Açoriano Oriental, intitulado “07 de novembro”, o presidente honorário do PSD/Açores escreveu que aquela data fica assinalada pela indigitação de José Manuel Bolieiro, “pondo termo aos longuíssimos 24 anos de predomínio político do PS”.
“Bem andou o representante da República em assim proceder, após a devida audição dos partidos políticos representados na nossa Assembleia”, afirmou, referindo-se ao processo de indigitação.
O representante da República no arquipélago, Pedro Catarino, indigitou no sábado o líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional, na sequência das eleições de 25 de outubro, justificando a medida com o facto de a coligação PSD/CDS-PP/PPM (26 deputados) ter o apoio parlamentar do Chega (dois deputados) e do Iniciativa Liberal (um deputado), garantindo assim maioria absoluta no hemiciclo regional, com 29 dos 57 lugares.
No entanto, o PS venceu as eleições legislativas regionais, no dia 25 de outubro, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.
Mota Amaral, que chefiou o executivo açoriano de 1976 a 1995, destacou que a região enfrenta “problemas muito sérios e urgentes”, que carecem de uma decisão tomada "por um governo em plenitude dos seus poderes”.
Segundo disse, “seria apenas perder tempo” indigitar um governo “destinado a ser derrubado” na Assembleia Regional.
O antigo líder do PSD/Açores assinalou que a “presente situação gestionária” aproveitou para “aprovar decretos e abrir concursos para admissão de funcionários”, considerando tratar-se de “medidas de muito duvidosa legitimidade”.
Mota Amaral descreveu Bolieiro como um “exímio negociador”, por ter conseguido “em poucos dias” colocar “de pé uma coligação de governo de centro-direita”.
Sobre as negociações com os partidos que irão viabilizar o próximo executivo açoriano, o antigo líder do Governo Regional salientou que Bolieiro “não abdicou dos seus princípios”, que são o “núcleo da ideologia humanista e personalista da social-democracia”.
Mota Amaral considerou “patéticas” as declarações de dirigentes nacionais sobre o processo de formação do Governo Regional, que ficaram a “falar sozinhos” face à falta de resposta de Bolieiro.
“Tudo se passou, como devia ser, nos Açores e entre Açorianos! Uma vez que se tratava de uma questão central da nossa autonomia constitucional, a intervenção de entidades estranhas à região não fazia qualquer sentido”, lê-se no artigo.
No domingo, o presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, considerou que a decisão do representante da República, Pedro Catarino, de convidar José Manuel Bolieiro a formar governo representa “um claro e inquestionável atropelo às competências do parlamento dos Açores”.
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