Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares referiu que cinco a dez por cento do financiamento dos hospitais devia ser faturado às seguradoras pelos serviços prestados no âmbito dos sinistros, mas que esta cobrança “é difícil” e muitas vezes fica por fazer.
“As empresas de seguros não reconhecem a existência de qualquer dívida aos hospitais na ordem de grandeza que é referida”, indica a Associação Portuguesa de Seguradores num comunicado hoje enviado à Lusa.
Segundo a representante das empresas de seguros, em 2017 foram submetidas pelos hospitais do Serviço Nacional de Saúde às seguradoras cerca de 116 mil faturas. Destas, mais de 112 mil já foram aceites e 75 mil foram efetivamente pagas.
“Quanto às restantes, as empresas de seguros aguardam a emissão da fatura definitiva para procederem ao seu pagamento ou são faturas ainda dentro do prazo previsto para pagamento”, esclarece a nota.
A Associação de Seguradores recorda ainda que em 2011 foi celebrado um protocolo com o Ministério da Saúde instituindo um sistema específico, “assente numa plataforma eletrónica e num sistema de pré-validação das faturas com vista à cobrança das despesas dos hospitais com a assistência a pessoas que beneficiam da cobertura de contratos de seguro, nomeadamente de seguros automóvel e de acidentes de trabalho”.
Todos os hospitais e todas as seguradoras aderiram a este sistema, adianta a associação.
Antes deste mecanismo, as empresas de seguros reconhecem que o sistema de cobrança das faturas hospitalares era “muito deficiente” e que havia um “diferencial enorme entre os valores que os hospitais reclamavam e aqueles que eram, efetivamente, devidos pelas empresas de seguros”.
“Desde 2012 que esses problemas foram ultrapassados e hoje não se colocam problemas de pagamento de faturas pelas empresas de seguros aos hospitais”, conclui a nota da Associação Portuguesa de Seguradores.
Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), disse à agência Lusa que “os hospitais têm tido uma grande dificuldade burocrática” em serem ressarcidos do valor aplicado ao tratamento de serviços cobertos por seguros.
Vítimas de acidentes de viação ou de trabalho são alguns dos exemplos de utentes que são atendidos nas urgências hospitalares, cabendo às seguradoras pagar a despesa dessa unidade de saúde.
Essa cobrança não se tem revelado fácil, de acordo com Alexandre Lourenço que reconhece a delicadeza da situação: “Muitas vezes existe alguma dificuldade em solicitar a apólice do seguro a um doente que chega ao hospital vítima de um acidente de viação e em estado critico”.
Sobre o montante em questão, Alexandre Lourenço disse que “depende do hospital”, mas que rondará entre os cinco a dez por cento do financiamento, o que é “considerável”.
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