Ao falar durante uma conferência promovida pelo Clube de Lisboa, o embaixador referiu que, graças aos relatórios dos peritos e aos desastres naturais que estão a afetar a humanidade, começam a conhecer-se as verdadeiras causas do aquecimento global. “Só quem não tem verdadeiramente vergonha é capaz de negar agora a situação difícil em que nos encontramos”, disse.
“Se continuarmos no caminho atual, de aquecimento global, ao longo da vida dos nossos filhos e dos nossos netos, os efeitos far-se-ão sentir com crescente frequência e ferocidade”, advertiu, ao encerrar uma sessão da conferência “O Oceano que Pertence a Todos”, realizada ‘online’.
O enviado da ONU recordou as palavras do secretário-geral da organização, António Guterres, quando em dezembro alertou que a humanidade está a travar “uma guerra suicida” contra a natureza.
Na ocasião, Guterres referiu que um milhão de espécies estão em risco de extinção e que os ecossistemas estão a desaparecer “diante dos nossos olhos”.
Afirmou ainda que o oceano está a sofrer com a sobrepesca, a sufocar com resíduos plásticos, e que, devido às emissões de gases com efeito de estufa, os recifes de Coral estão a morrer.
“Estamos no meio de um desses efeitos neste momento, com esta pandemia de covid-19”, considerou Thomson.
O problema, frisou, é que é não é possível “ter um planeta saudável sem um Oceano saudável”.
“O mundo está atualmente no caminho para chegar a mais três graus até ao final do século XXI. Este é um mundo em chamas”, lamentou.
De acordo com enviado especial, este é o momento da tomada de consciência e da ação: “Não é segredo que muitos dos compromissos estão a ficar para trás, estamos atrasados no cumprimento dos nossos compromissos”.
“Pretendia-se a chamada economia com emissões zero até 2050. A única solução é uma mudança rápida e imediata por todos: governos, cidadãos e empresas”, instou.
Os cientistas estabeleceram que o alvo deve ser um mundo em que não se emita mais Co2 do que aquele que se retira da atmosfera.
“O oceano está em declínio, a principal causa deste declínio são os níveis crescentes de gases com efeito de estufa que lançamos para a atmosfera e que são depois absorvidos pelo Oceano”, explicou, frisando que uma economia de emissões zero é “absolutamente fundamental para terminar o ciclo de declínio em que a saúde do Oceano foi apanhada”.
A resposta é “a intensificação da ciência”, do planeamento e de financiamento: “90% do Oceano é desconhecido para a ciência, por isso vamos corrigir esse défice nesta década Ciência dos Oceanos das Nações Unidas, que se iniciou no mês passado, com base em ciência sólida”.
O embaixador manifestou esperança de que durante a próxima década surjam planos sustentáveis para os oceanos em cada zona económica exclusiva do planeta.
“Com base nestes planos, de base científica, estamos confiantes de que o financiamento vai começar a surgir à escala necessária para permitir a transição global para uma economia azul verdadeiramente sustentável”, declarou.
Salientou também “o profundo empenho de Portugal na saúde do Oceano” e estimou que a Conferência dos Oceanos da ONU que vai realizar-se em Lisboa, no próximo ano, será “um momento de inovação, de verdade, de reforço, de partilha” da determinação para a adoção dos objetivos sustentáveis.
“As expectativas para a conferência de Lisboa são muito elevadas”, disse.
Peter Thomson encerrou uma sessão que teve início com a participação do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
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