Primeiro episódio da série "O que se ouve quando o país pára"
“O silêncio das pedras mortas” não era para ser o primeiro episódio desta série. Mas quando decidimos que a estreia seria no dia 14 de agosto, não havia como fugir.
A batalha de Aljubarrota faz hoje precisamente 635 anos.
Ora, sem vitória não haveria Mosteiro da Batalha (na verdade, Mosteiro de Santa Maria da Vitória).
Resumindo mais de seis séculos em cinco frases: D. João I disse que, se ganhasse a batalha contra os castelhanos, mandava construir um grande mosteiro naquele sítio (acabou por ser quatro quilómetros ao lado, vá). À conta das obras, ao fim de umas décadas, tinha nascido ali uma povoação. Hoje em dia, o Mosteiro da Batalha é Património da Humanidade e tem quase meio milhão de visitas anualmente. Durante a pandemia, tudo esteve fechado. Mas a Google Arts & Culture mapeou vários espaços do monumento, e agora é possível fazer visitas virtuais até pelos telhados.
Por fim, o seu a seu dono. A expressão “pedras mortas” chega até ao título deste episódio numa espécie de sequência de inspirações: o diretor do Mosteiro, Joaquim Ruivo, usou o termo enquanto falava connosco; diz ele que ouviu a expressão numa conferência que Guilherme d’Oliveira Martins deu no Mosteiro em 2016 a propósito do valor do património; já o próprio Oliveira Martins foi buscar as palavras a Rabelais, um padre e escritor francês do século XV que, de forma poética, distinguiu as “pedras mortas” e as “pedras vivas” que são usadas para dar forma ao mundo.
E assim se vai mantendo a vida de uma expressão ao longo de 500 anos.
Esta semana estivemos na Batalha, vila do distrito de Leiria. Na história da próxima semana, posso já adiantar que o sotaque cerrado exige alguma concentração nos primeiros segundos do episódio.
“O que se ouve quando o país pára” é uma coleção de histórias e de sons que nos mostram como a vida das pessoas e dos lugares foi afetada quando Portugal parou por causa da covid-19.
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