Em comunicado, a fundação refere que esta será uma doação "sem contrapartidas financeiras", ficando a BNP responsável pelo "tratamento, conservação e disponibilização para investigadores".
"Para aqueles a quem cabe continuar José Saramago, família e fundação, esta era a sua vontade e será respeitada", afirmou Pilar del Río, presidente da fundação, no comunicado enviado à Lusa.
A sessão formal de doação acontece no dia 10, com as presenças do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, no dia em que se cumprem 18 anos da entrega do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago e em que se assinala o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
"O espólio podia ter sido vendido a instituições privadas, mas fica em Portugal tornando os portugueses, de alguma forma, seus herdeiros. Trata-se dos materiais que constituem a oficina de um escritor", sublinha a fundação.
A entidade não especifica se será doado todo o espólio de Saramago, referindo-se apenas que o autor já tinha entregue à BNP alguns documentos, entre eles o original do romance "O ano da morte de Ricardo Reis" e o diploma do Nobel da Literatura.
É na Fundação José Saramago, criada em 2007, que está depositado atualmente o espólio do escritor português e que inclui todas as obras, discursos, diplomas, correspondência e uma biblioteca com mais de 20 mil títulos.
Presidida por Pilar del Río, a fundação tem sede em Lisboa e delegações na aldeia da Azinhaga (Golegã), onde Saramago nasceu, e em Lanzarote (Espanha), onde viveu.
Em 2007, o escritor redigiu a carta de princípios da fundação, sublinhando que esta devia assumir "nas suas atividades, como norma de conduta, tanto na letra como no espírito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em Nova Iorque no dia 10 de dezembro de 1948".
José Saramago, autor de romances como "Memorial do convento", "O evangelho segundo Jesus Cristo", "Levantado do chão" e "Jangada de pedra", traduzido em mais de 40 línguas, morreu aos 87 anos, a 18 de junho de 2010.
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