O estudo, encomendado pelo Ministério da Administração Interna (MAI) ao psiquiatra Jorge Costa Santos, propõe um reforço dos recursos técnicos da PSP e GNR que visem ampliar o apoio psicológico e psiquiátrico de proximidade, uma vez que “a especificidade das funções dos elementos das forças de segurança justifica um apoio diferenciado e a melhoria de condições dos técnicos".
“A existência de psicológicos e psiquiatras é importante, porque conhecem a especificidade das funções destes militares e agentes e facilita muito a intervenção”, disse aos jornalistas Jorge Costa Santos.
Na PSP, existem psicólogos em 16 dos 20 comandos, enquanto na GNR o número é mais reduzido.
O estudo propõe igualmente a revisão das medidas cautelares de desarmamentos, tendo em conta que os agentes da PSP que se suicidaram entre 2007 e 2015 utilizaram a arma de serviço, mas há registo de militares da GNR que usaram a arma pessoal.
A divulgação dos resultados dos rastreios periódicos e aleatórios do consumo de álcool e de substâncias psicotrópicas aos serviços médicos e de saúde mental e a criação de uma equipa multidisciplinar que monitorize os casos de absentismo prolongado são outras medidas propostas.
Segundo o estudo, deve também ser feita uma reavaliação dos efetivos da PSP e da GNR após dez anos de serviço.
Para prevenir o suicídio nas forças de segurança, Jorge Costa Santos defende que os elementos da PSP e da GNR devem ser selecionados criteriosamente e reavaliados periodicamente, além de os sensibilizar para os problemas de saúde mental, desde a incorporação.
Assegurar uma resposta imediata aos pedidos de ajuda, aumentar o controlo aleatório de álcool e substâncias psicotrópicas e reforçar a articulação entre serviços médicos, psicológicos e psiquiátricos e de apoio social são outros pontos de prevenção.
De acordo com o autor do estudo, os elementos das forças de segurança têm “maior dificuldade em admitir problemas psicológicos e desenvolvem competências para mascarar os sinais e sintomas de perturbação”.
Jorge Costa Santos afirmou ainda que “o consumo de álcool associado a depressão e 'stress' crónico representa a tríade mais comum nos suicídios consumados” na PSP e GNR, além de serem ainda fatores relevantes “a cultura policial, exposição à violência e o uso de armas”.
O estudo, elaborado no âmbito do grupo de trabalho de prevenção do suicídio nas forças de segurança, foi apresentado no MAI.
Entre 2007 e 2015, suicidaram-se 51 militares da GNR e 38 agentes da PSP, sendo os anos com maior número 2008 (12) e 2015 (15).
Em 2016, suicidaram-se dois agentes da PSP e dois militares da GNR.
Durante a apresentação do estudo, a secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, afirmou aos jornalistas que a PSP e a GNR vão atualizar os atuais planos de prevenção do suicídio.
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