O ex-consultor de Segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton, acusa o presidente dos EUA de tomar decisões políticas tendo em conta exclusivamente as suas hipóteses de reeleição.
Bolton, de 71 anos, defende também que o processo de Impeachment levantado pela Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA devia ter ido muito para além do caso que levou à sua abertura, a alegada pressão feita por Trump ao governo ucraniano para investigar o filho de Joe Biden.
Estas alegações estão presente no livro "The Room Where It Happened", com data de lançamento comercial apontada para 23 de junho, tendo os jornais The New York Times e Washington Post obtido exemplares de avanço.
De acordo com o britânico The Guardian, citando ambos os jornais, Bolton acusa Trump de levar a cabo um padrão de corrupção através do qual o presidente dos EUA tem rotineiramente usado o poder do seu país junto de outros Estados para uso pessoal.
"O padrão é de obstrução à justiça como um modo de vida, o qual não podíamos aceitar", lê-se no livro do ex-consultor, adiantando que levou as suas preocupações ao Procurador-Geral dos Estados Unidos, William Barr.
Um dos exemplos prende-se com disponibilidade em interferir na investigação norte-americana ao banco estatal turco Halkbank a pedido do presidente da Turquia, Recep Erdoğan, sendo que Trump também se mostrou disponível para beneficiar a empresa chinesa de telecomunicações ZTE para agradar ao presidente da China, Xi Jinping.
A ligação de Trump ao líder chinês é também ilustrada num episódio descrito no livro como tendo ocorrido à margem da cimeira do G20 em junho de 2019, no Japão. Xi Jinping ter-se-á queixado a Trump dos seus detratores nos EUA e o líder norte-americano terá respondido que juntos podiam derrotar a sua oposição interna e ajudá-lo a ser reeleito, "aludindo à capacidade económica da China para afetar as campanhas eleitorais", escreve Bolton.
Segundo o ex-consultor de Trump, o presidente dos EUA "sublinhou a importância dos agricultores e o aumento das compras chinesas de grãos de soja e trigo nos resultados eleitorais".
O governo norte-americano, entretanto, já tentou impedir a publicação de "The Room Where It Happened", tendo o Departamento de Justiça dos EUA colocando um processo em tribunal com a justificação de o livro conter "informação confidencial".
(Notícia atualizada às 9h34 do dia 18 de junho - Alteração da data do lançamento do livro, prevista para 23 de junho)
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