É uma "mensagem clara e contundente" para Biden, que procura o seu segundo mandato, a favor de um "cessar-fogo permanente agora", declarou aos jornalistas Layla Elabed, uma das líderes do coletivo "Ouçam o Michigan". Este movimento fez campanha para boicotar o presidente democrata durante as primárias, realizadas ontem.

O chefe de Estado, que provavelmente enfrentará o favorito à nomeação republicana Donald Trump a 5 de novembro, obteve mais de 614.000 votos, ou seja, cerca de 81%. A opção "sem compromisso", equivalente a um voto em branco, obteve mais de 100.000 votos (cerca de 13%).

A iniciativa tinha como objetivo mostrar a Biden que conseguiria mobilizar eleitores suficientes para ameaçar o seu resultado nas eleições presidenciais, com a esperança de pressioná-lo para que exija um cessar-fogo imediato em Gaza.

Donald Trump venceu no Michigan — um dos estados-chave ("swing state") que provavelmente vão inclinar a balança nas eleições presidenciais — por cerca de 10.000 votos em 2016. Em 2020, Biden fê-lo com uma diferença de cerca de 150.000 votos.

"Espero, senhor presidente, que nos ouça. Que escolha a democracia em vez da tirania, que escolha o povo americano em vez de Benjamin Netanyahu", o primeiro-ministro israelita, afirmou em entrevista de imprensa Abdullah Hammoud, autarca de Dearborn, subúrbio de Detroit com uma grande população muçulmana e de origem árabe.

No comunicado em que reagiu à sua vitória, Biden agradeceu a "todo o povo do Michigan que fez a sua voz ser ouvida", mas sem mencionar o voto de protesto.

Abbas Alawieh, porta-voz do "Ouçam o Michigan", afirmou que o comunicado "ignorou" quem votou em branco e cuja mensagem é "clara": "Esta comunidade necessita que mude de política antes de nos vir pedir votos".

À pergunta de se o presidente está disposto a mudar o rumo, sobretudo no que se refere ao fornecimento de armas a Israel, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, respondeu: "A política americana não vai mudar neste tema", declarou nesta quarta-feira aos jornalistas.