Spencer vai apresentar demissão no final deste mês, de acordo com um porta-voz da Casa dos Representantes, que comunicou o futuro do legislador ao Atlanta Journal-Constitution, na terça-feira.
Antes, também em comunicado, Spencer tinha pedido desculpas pelo “episódio ridiculamente repugnante”, tendo todavia recusado a hipótese de se demitir, algo que agora se veio a confirmar que irá acontecer.
Em maio, Spencer tinha perdido as primárias do Partido Republicano, mas podia ter ficado em funções até às eleições de novembro.
No segundo episódio da série, transmitido no último domingo nos Estados Unidos, a personagem Erran Morad, um ex-coronel do exército israelita, interpretado por Cohen, pede a Spencer que faça parte de um vídeo de contraterrorismo.
Spencer é então filmado a gritar repetidamente ofensas raciais depois de Cohen lhe informar que a tática é útil para chamar a atenção dos espetatores no desenrolar de um ataque, de acordo com o The Guardian. Adicionalmente, baixa as calças e depois a sua interior, antes de se virar para Cohen enquanto grita “USA!” e “América!”.
Spencer alegou que a equipa de produção e Cohen exploraram-no a troco de "lucro e notoriedade" e que não teve oportunidade de aprovar aquilo que iria ou não para o ar. E concluiu dizendo que "este comportamento enganador e fraudulento por parte das empresas de media é exatamente a razão pela qual o Presidente Donald Trump foi eleito", recusando comentar mais o assunto.
Por seu turno, o canal norte-americano que produz e transmite a série, o Showtime, já reagiu e frisou que os produtores da série ou Sacha Baron Cohen não cometeram qualquer irregularidade, quer neste, quer noutros casos que compõem os sete episódios do regresso do comediante ao pequeno ecrã.
O governador do Estado da Georgia, Nathan Deal, abordou o assunto através do Twitter, alegando que “as ações e linguagem utilizadas por Jason Spencer são aterradoras e ofensivas. Não existem desculpas para este tipo de comportamento, e estou entristecido e repugnado por elas.”
Também Sacha Baron Cohen — presumivelmente — comentou o assunto, igualmente no Twitter, através de uma conta que será da personagem por si criada, o Coronel Errand Morad, em que escreveu que já “tinha sido informado” de que a emissora responsável pela transmissão do episódio, a Showtime, havia agido de má fé no modo como editou as suas filmagens. “Não te preocupes Jason Shpenker, Erran Morad tomará conta do traseiro”, sugere.
O episódio ganhou contornos nacionais porque voltou a trazer ecos de outras polémicas em torno de Spencer.
Em 2016, este avançou com uma proposta de revisão da lei de 1951 que proíbe elementos do Ku Klux Klan (KKK) de exibirem máscaras em manifestações públicas. Esta iniciativa foi recebida pelos grupos que representam os muçulmanos norte-americanos e pela União Americana das Liberdades Civis como uma forma velada de proibir mulheres muçulmanas de usarem lenços para cobrir a cara em público. Spencer contrapôs esta ideia, argumentando que o seu projeto de lei não se dirigia a nenhum grupo específico e que não mencionava o Islão ou o vestuário religioso, mas a proposta acabou por cair.
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