Os eurodeputados portugueses falavam no decorrer de um debate no parlamento europeu, em Estrasburgo, sobre os mecanismos de resposta aos incêndios florestais em Portugal e Norte de Espanha (Galiza).
No início do debate, o comissário europeu responsável pela pasta da Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, o grego Christos Stylianides, reiterou as condolências das instituições europeias pelas mais de 110 vítimas mortais nos incêndios florestais em Portugal e Espanha.
“No ano de 2017 tivemos os piores incêndios da última década(…). As capacidades por si só não chegam”, disse Stylianides, acrescentando que o mecanismo de ajuda europeu relativo aos fogos florestais foi pedido “16 vezes desde junho”, o maior número de pedidos em tão curto espaço de tempo.
No entanto, reconheceu que, “por vezes, a ajuda [comunitária] foi pouca e chegou tarde”.
“Sejamos claros: temos limites práticos e jurídicos (…). Limitamo-nos a coordenar e ajudar com os custos de transporte. Só, não temos meios próprios”, lamentou o comissário.
Por isso mesmo, recordou que o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, o “mandatou para apresentar propostas concretas no mês que vem sobre como evitar, reagir e prevenir melhor” ocorrências como incêndios, mas também inundações (frequentes no Norte da Europa) e terramotos (sobretudo em Itália e Grécia).
“É uma prioridade da Comissão ter propostas antes do fim de novembro”, referiu Stylianides.
Os eurodeputados portugueses Paulo Rangel, Carlos Zorrinho e Nuno Melo preferiram recordar o Relatório Barnier [elaborado por Michel Barnier], de 2006, onde já se propunha a constituição de uma força europeia de Proteção Civil.
Rangel, que recordou “as falhas graves do Governo português” na prevenção e combate aos fogos deste ano em Portugal, lançou “um repto de maior alcance" à comissão: “Que sejamos capazes de criar uma Força Europeia de Proteção Civil”.
O eurodeputado social-democrata disse mesmo que foi “o único” a apontar esta necessidade no recente discurso do Estado da União, em meados de setembro.
Também o socialista Carlos Zorrinho defendeu a necessidade de existir um Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
“Se temos uma união para Defesa e uma união para a Segurança, porque não ter uma União para a Proteção Civil”, questionou o eurodeputado socialista.
“Este é o segundo debate [sobre este tema] em quatro meses, que não tenhamos de fazer um terceiro”, salientou.
Já Nuno Melo (CDS) recordou que pôr em marcha medida "não é inventar a pólvora".
"Está lá escrito [no Relatório Barnier de 2006, sobre a coesão europeia]. Execute-se”, realçou.
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