Num almoço-comício em Vilaverde, no distrito de Braga, no âmbito da campanha da AD para as europeias, Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, referiu-se ao “chumbo”, em sede de comissão parlamentar, da proposta de nova tabela de taxas dos escalões do IRS do PSD e CDS-PP, com votos contra de PS, PCP, BE e Livre, com a abstenção do Chega.

Em contrapartida, na Comissão de Orçamento e Finanças foi aprovada a proposta do PS sobre redução das taxas do IRS até ao 6.º escalão, mas, ao contrário do PSD e CDS, mantendo as taxas dos escalões seguintes.

“Pedro Nuno e Santos e André Ventura estão a tirar dinheiro à classe média, uniram-se para prejudicar a classe média”, acusou Rangel, dizendo que estes partidos consideram que pessoas que ganham 1.500 euros ou 2.000 euros são ricas e não precisam de alívio fiscal.

O cabeça de lista do PSD nas últimas três eleições europeias fez um apelo direto aos eleitores para que, nas eleições de domingo ao Parlamento Europeu, castiguem esses partidos por esta decisão em concreto.

“Peço a todos os que estão nesse escalão, que vivem do seu trabalho e não lhes sobra nada, para que, no dia 9, deem um cartão vermelho ao Chega e em especial ao PS. O PS é o partido inimigo da classe média”, acusou.

O antigo eurodeputado afirmou que esta foi “a sexta ou sétima vez” que PS e Chega se uniram “numa aliança objetiva no parlamento contra o Governo.

“É a coligação negativa de Pedro Nuno Santos com André Ventura, não venha a senhora dona Marta Temido, não venha o sr. Pedro Nuno Santos dizer que a AD está feita com a direita radical. São eles que estão a legitimar a direita radical, não somos nós”, criticou, repetindo que Pedro Nuno Santos vota com André Ventura “todas as semanas” no parlamento.

O dirigente social-democrata defendeu que o voto na AD é o voto “na moderação, contra os extremismos, a demagogia e a desinformação”, acusando o PS de “inventar posições do PSD e do CDS-PP que nunca existiram para tentar assustar as pessoas”.

Rangel criticou ainda as posições da cabeça de lista do PS, Marta Temido, sobre a atual presidente da Comissão Europeia, dizendo que fala de Ursula Von der Leyen como “se fosse uma perigosa extremista”.

“Isto é desmentir por completo tudo o que o PS fez ao longo dos últimos anos: o antigo primeiro-ministro António Costa disse taxativamente que apoiava Von der Leyen, como é que ela justifica isso?”, questionou.

O ex-eurodeputado considerou, por outro lado, que o PS “não tem qualquer autoridade moral” para criticar Von der Leyen quando António Costa “queria que fossem distribuídos fundos à Hungria” quando este país violou regras comunitárias sobre direitos humanos.

“Quem travou isso foi a presidente da Comissão Europeia”, disse, na véspera de Von der Leyen se juntar à campanha da AD.

“Vem a Portugal amanhã [quinta-feira] apoiar Sebastião Bugalho e a AD. O PS não pode andar anos a dizer que a presidente da Comissão Europeia é ótima e depois, por conveniência no último mês de campanha, estar cheio de medo de Von der Leyen”, disse, desafiando Pedro Nuno Santos e Marta Temido a darem explicações.

Paulo Rangel disse ter “o maior orgulho, alegria e comoção” na escolha do cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, elogiando a forma “terna e meiga” como fala com todos na rua, sem “picar e espicaçar os adversários”.

“É um jovem que dá uma lição do que é estar na política com moderação a uma pessoa que tem imensa experiência e tinha obrigação de respeitar o seu adversário de outra maneira”, disse, numa referência implícita a Marta Temido.

O também ministro deixou ainda uma palavra de defesa do plano do Governo para as migrações: “Queremos migrantes mas que estejam cá regularmente e com dignidade, não fazemos como o Chega, que acha que os imigrantes são bicho papão”, frisou.