Numa conferência de imprensa no Parque das Nações, o ‘quartel-general’ da 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, que decorre pela primeira vez em Lisboa, Cláudia Pascoal recordou alguns pontos do seu percurso e levantou o véu em relação ao futuro.
Lembrando que recentemente integrou o projeto Morhua, uma banda de jazz onde cantava em inglês, Cláudia Pascoal adiantou estar agora “a preparar um projeto em português”, no qual toca ‘ukelele’ e cujo primeiro ‘single’ foi composto por Luísa Sobral, compositora do tema “Amar pelos Dois”, interpretado por Salvador Sobral, com o qual Portugal venceu no ano passado o festival da Eurovisão, em Kiev.
“Amar pelos dois” é, aliás, a par de “Desfolhada”, interpretada por Simone de Oliveira na edição de 1969, a canção portuguesa favorita de Cláudia Pascoal e de Isaura (a compositora de “O Jardim”), de todas as que Portugal apresentou no concurso.
“‘Amar pelos dois’ marca pela diferença”, referiu Cláudia Pascoal.
No ano passado, além de ter vencido com um tema que muitos apelidaram de “não festivaleiro”, Portugal esteve representado por um cantor que não se coibiu de dizer o que pensava.
Um jornalista britânico, vestido com um colete que tinha na parte da frente a bandeira de Portugal e na de trás a da União Europeia, quis saber se Cláudia Pascoal concordava com o discurso de vitória de Salvador Sobral, nomeadamente a parte em que aquele disse que “música não é fogo de artificio, música é sentimento”.
“Concordo a 100%”, respondeu, reiterando que “a música é sentimento, é passar algo para o público”.
Foi por isso que Cláudia Pascoal foi a primeira e única escolha de Isaura para interpretar o tema. “Quando acabei a canção precisava de uma voz com todo este caráter, porque é uma canção tão pessoal que precisas que seja verdadeira e a Cláudia tem a capacidade de te fazer sentir algo, quer cante em português, alemão ou inglês”, partilhou Isaura, que escreveu “O Jardim” em homenagem à avó, que morreu no ano passado.
Representar Portugal no concurso, nomeadamente um ano depois de o país ter vencido pela primeira vez, ainda é algo que não parece real.
“Só penso nisso quando vejo os anúncios na televisão. Vejo e penso ‘aquela sou eu?’”, disse Cláudia Pascoal, partilhando que se sente cansada: “Isto exige muito de nós, estamos a 100% na Eurovisão”.
Quanto a poderem suceder a Salvador Sobral no pódio, é algo em que não pensam.
“Sinto-me com muita sorte por podermos representar Portugal em Portugal. Estou muito honrada com isso. É algo muito diferente de tudo o que fizemos antes e provavelmente nunca vamos poder voltar a atuar num palco assim”, referiu Isaura.
A conferência de imprensa, dirigida pelo ator Pedro Granger, foi falada em inglês, mas houve um momento em que Cláudia, acusando cansaço, pediu para falar em português, quando uma jornalista búlgara lhes perguntou, em português, onde é para elas “O Jardim” na Terra.
Para Cláudia Pascoal, o “paraíso na terra” é a casa da avó, “no meio do campo, onde se ouve os grilos e consegue ver-se as estrelas”. Para Isaura é “o lar”.
A conferência de imprensa, antecedida de uma sessão de fotografias que durou cerca de cinco minutos, terminou com Cláudia e Isaura a cantarem ‘a capela’ o refrão de “O Jardim”.
As representantes de Portugal atuam na primeira semifinal, marcada para terça-feira na Altice Arena, mas não competem porque o vencedor do ano passado tem presença garantida na final, a 12 de maio.
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