Sabrina de Sousa disse hoje à Associated Press (AP) que responsáveis da administração do Presidente Donald Trump estiveram em contacto com as autoridades de Portugal e Itália com vista à sua libertação.
Segundo a AP, após a sua libertação, Sabrina de Sousa escreveu uma mensagem na rede social Twitter dirigida a Trump: "Obrigada. A sua administração fez mais no meu caso nos últimos 30 dias do que foi feito nos últimos oito anos".
A ex-agente da CIA remeteu mais detalhes para o seu porta-voz, o antigo congressista do Michigan Peter Hoekstra, que confirmou à AP que a administração Trump se envolveu no caso, acompanhando o seu desenvolvimento.
A mesma fonte referiu ainda que diferentes agências e grupos trabalharam com a administração neste caso, incluindo alguns antigos congressistas, mas escusou-se a revelar nomes.
Hoekstra adiantou, contudo, ter a informação de que os governos português e italiano foram "colaborantes" na tentativa de resolver o problema de Sabrina de Sousa.
A ex-agente da CIA, detida em Portugal ao abrigo de um pedido de extradição para Itália, foi libertada na quarta-feira por decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, após o Presidente italiano, Sergio Mattarella, ter concedido um perdão de um ano à pena de quatro anos de prisão aplicada a Sabrina de Sousa, em julgamento à revelia, pelo rapto do radical islâmico Abu Omar, em 2003.
Após o perdão de Mattarella, o Tribunal da Relação de Lisboa determinou que Sabrina de Sousa fosse "colocada imediatamente em liberdade", por solicitação das autoridades transalpinas, uma vez que, pela lei italiana, as penas até três anos podem ser substituídas por trabalho a favor da comunidade.
A diminuição da pena de prisão levou o procurador de Milão, titular do processo de Sabrina de Sousa, a revogar o Mandado de Detenção Europeu (MDE), cancelando a extradição da ex-agente da CIA.
Segundo disse à agência Lusa o advogado de Sabrina de Sousa, Magalhães e Silva, a revogação do MDE e o consequente cancelamento da extradição foram comunicados ao Ministério da Justiça português e à Interpol, numa altura em que os agentes italianos já se encontravam em território português para concretizar a extradição, com a ajuda da Polícia Judiciária, que iria transportar a ex-agente da CIA desde o Estabelecimento Prisional Feminino de Tires (Cascais) até ao aeroporto de Lisboa.
Magalhães e Silva congratulou-se com a libertação "in-extremis" de Sabrina de Sousa, realçando que ocorreu "com toda a justiça" e que a "luta" da sua constituinte para provar a sua inocência ainda não terminou.
"A luta não acabou porque ela quer provar que nada teve a ver com o rapto de Abu Omar", enfatizou o advogado.
Segundo Magalhães e Silva, Sabrina de Sousa tudo fará para obter a imunidade diplomática junto do Tribunal Constitucional italiano e suscitar ao Estado italiano que levante o segredo relativo às informações de que os serviços secretos daquele país dispõem e que provam que não esteve ligada ao rapto de Abu Omar.
Quanto ao cumprimento do trabalho a favor da comunidade, o advogado observou que a lei italiana permite que esta medida alternativa à pena de prisão possa ser efetuada em Portugal, desconhecendo-se, para já, qual a opção a tomar por Sabrina de Sousa.
A ex-agente da CIA perdeu vários recursos contra a extradição desde que foi detida no aeroporto de Lisboa, em outubro de 2015.
Sabrina de Sousa nasceu em Goa, na Índia e tem dupla nacionalidade (norte-americana e portuguesa).
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