Numa nota enviada à Lusa, Pedro Rodrigues agradece ao atual presidente do PSD, Rui Rio, “o serviço que prestou ao partido, de acordo com o que julgou ser o caminho adequado”.
“Mas é tempo de virar a página. Não para apontar responsabilidades. Mas para com serenidade desenvolvermos, em conjunto, a reflexão necessária que conduza à renovação do PSD”, afirmou.
O deputado, que apoiou Rio em 2018, mas se afastou depois da atual direção, considera que entre as razões da derrota de domingo estão “causas estruturais que o partido se recusou a admitir nos últimos anos”.
“E, por isso, considero fundamental a convocação urgente de um Congresso Nacional que nos permita desenvolver a discussão necessária para reconstruirmos o nosso partido”, defende.
Para o antigo líder da JSD, “a opção do partido, neste momento difícil, não pode ser a de caminhar no sentido de optar por soluções instantâneas de liderança”.
“Antes, devemos combater as causas que nos conduziram a este resultado”, aponta.
De acordo com os resultados provisórios das legislativas (e que ainda não incluem os quatro deputados eleitos pela emigração), o PSD conseguiu 27,8% dos votos, percentagem semelhante à de 2019, 76 deputados (deverá ficar abaixo dos 79 que tem atualmente) e ficou a quase 14 pontos percentuais do PS, que teve a segunda maioria absoluta da sua história.
“A escolha inequívoca que os portugueses fizeram significa para o PSD a necessidade de se repensar profunda e estruturalmente. De questionar o papel que deve representar na sociedade portuguesa”, defende Pedro Rodrigues.
O deputado considera que “o problema do PSD não é de personalidades, mas de programa”.
“As dificuldades que o partido enfrenta não são uma circunstância de momento, mas de organização e de recusa sistemática em se modernizar. Mais do que discutir personalidades, o partido deve discutir-se a si próprio”, refere.
Pedro Rodrigues recorda que, nos últimos três congressos, alertou para a necessidade de o partido se focar em alterações estruturais a apresentou uma proposta de revisão estatutária “que teria permitido que o partido se abrisse ao talento, promovesse a proximidade com os portugueses, se modernizasse e impusesse transparência nos processos de decisão”.
“Se na altura essas mudanças eram importantes hoje tornaram-se urgentes”, afirmou.
Na noite de domingo, Rui Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD, cargo que ocupa desde janeiro de 2018, caso se viesse a confirmar a maioria absoluta do PS nestas eleições legislativas (o que aconteceu), considerando que dificilmente será útil nessa conjuntura, sem, contudo, verbalizar explicitamente a sua demissão nem adiantar que passos irá dar internamente.
"Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta – tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos –, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento", declarou Rui Rio.
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