Numa nota enviada às redações, Clara Sevivas, fadista e proprietária de duas casas de fado em Lisboa, explica que "em forma de agradecimento e aconchego", organizou uma noite de fado em frente à Assembleia da República para os manifestantes que se encontram em greve de fome.

"O acontecimento juntou vários colegas do ramo e muitas outras pessoas", refere. As casas de fado de Lisboa referem que o apoio que deram era em forma de agradecimento pela coragem do movimento 'A pão e água'.

Clara Sevivas explica ao SAPO24 que ao darem o seu apoio aos manifestantes, porque as Casas de Fado também são restaurantes, acabou por se montar uma noite de fado para ainda mais dar alento aos que fazem greve.

"Foi tudo falado duas ou três horas antes e acabaram por se juntar várias pessoas. Foi um momento bonito, eles gostaram e sentiram a nossa força", diz Clara.

Nas redes sociais, Ljubomir Stanisic, chef que faz parte do movimento, partilhou uma mensagem ainda ontem: "Já que não comemos há três dias, hoje os fadistas de Lisboa vêm nos alimentar a alma às 19:30", e apelou a que as pessoas se juntassem para ouvir o fado "em forma de protesto". E concluiu: "Podem sair de casa e vir para a Assembleia manifestar-se sem quebrar nenhuma lei".

O grupo de nove empresários da restauração e discotecas, que cumpriu no domingo o terceiro dia de greve de fome, garantiu que só sai da frente da Assembleia quando o governo apresentar uma solução, ou então “de ambulância", de resto eu não vou sair daqui, ninguém sai daqui”, garantiu à Lusa João Sotto Mayor, empresário da restauração, que disse estar em representação daqueles setores, que “estão, literalmente, a pão e água”.

Os manifestantes mantém-se no local, numas instalações improvisadas com tendas e aquecedores, em greve de fome até que o Governo os receba para encontrarem soluções para os seus negócios, que dizem estar a ir à ruína.

A dona de duas casas de fado lisboetas sublinha que as Casas também deviam ter a sua própria luta: "o Fado não está a ser salvaguardado", explica, dizendo que têm de estar fechados ao fim de semana não há hipótese de combater a falta de lucro. "Obviamente que há que ter em atenção a saúde e não somos contra as medidas, mas só nos pedem para fechar, pagar os impostos e desta maneira torna-se muito difícil", conclui.

[Atualizada às 16:02]