Tom Cruise foi gravado a gritar com cerca de 50 membros da equipa por quebrarem medidas de combate à covid-19, nomeadamente por não respeitarem a distância física entre eles. Segundo o The Guardian, o que despoletou a reação da Cruise foi o facto de duas pessoas estarem muito perto uma da outra (a menos de um metro) junto de um computador, nos estúdios em Leavesden, no Reino Unido. Não é mencionado se os membros estavam a usar máscara ou não.

Esta questão não só preocupou a estrela de cinema como a enfureceu. O jornal inglês The Sun publicou a gravação áudio de Cruise a gritar com a equipa do filme "Missão: Impossível 7", do qual ele é um dos produtores. No áudio, o ator chega a ameaçar despedir quem não cumpra as regras de distanciamento social. A agência Reuters confirmou com uma fonte próxima da produção do filme que o áudio é autêntico.

"Não quero voltar a ver isto outra vez. Nunca. E se o fizerem estão despedidos. Se voltar a ver isto de novo, já eram". Mantemos o original para que possa perceber na íntegra: I don’t ever want to see it again, ever! And if you don’t do it, you’re fired, if I see you do it again, you’re fucking gone.

Enquanto produtor do filme, nos três minutos em que se dirigiu à equipa, falou de como é importante que a indústria cinematográfica não falhe e não pare de gravar: "Acabou. Não há mais desculpas. Podem dizer isso à pessoas que estão a perder as suas casas por a nossa indústria estar fechada", disse.

O "Missão: Impossível 7" já tinha sofrido atrasos devido à pandemia, como a grande maioria das produções. Tom Cruise ainda abordou essa questão: “À noite estou ao telefone com todos os estúdios, companhias de seguros, produtores, e eles estão a olhar para nós e a usar-nos para fazermos os seus filmes". E nesta fase, volta a recorrer a palavrões: "Estamos a criar milhares de trabalhos, seus filhos da p***. Há filmes que estão a ser feitos por causa de nós. E se fecharmos, isso vai custar trabalhos às pessoas, as suas casas, as suas famílias. É isso que está a acontecer".

O filme em causa teve de parar as gravações em Itália, em fevereiro, depois de as autoridades terem proibido ajuntamentos na primeira vaga de covid-19. Em julho, a produção foi autorizada a retomar os trabalhos no Reino Unido, depois de o próprio Tom Cruise ter apelado ao secretário de Estado da cultura, Oliver Dowden. Chegados a outubro, as gravações em Itália foram de novo suspensas após um membro da equipa ter testado positivo à covid-19.

A produção do filme ainda não respondeu às tentativas de contacto do The Guardian para prestar declarações.

A BBC deu conta de algumas reações no mundo do cinema. Nick Murphy, que dirigiu no ano passado o "A Christmas Carol" para a BBC TV e "Save Me for Sky Atlantic" concordou com o comportamento: "Tom Cruise tinha razão."

O apresentador de rádio norte-americano John Rocha também mostrou apoio nas redes sociais e falou de Cruise como "um exemplo": "Quem me dera que MAIS pessoas responsáveis reagissem assim a pessoas que violam protocolos ou não usam máscaras".